‘Uma bolha imobiliária pode se formar’, revela o especialista em investimentos imobiliários João Souza

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Em um momento em que busca se recuperar da Covid-19 na economia, os Estados Unidos temem uma possível crise imobiliária devido ao cenário de aumento no valor dos imóveis em todo o país. De acordo com relatório da Associação Nacional de Corretores de Imóveis, das 185 cidades analisadas, houve aumento de dois dígitos no valor dos imóveis em 70% delas durante o primeiro trimestre de 2022, quando em comparação ao mesmo período em 2021.

O cenário acendeu o sinal de alerta em investidores, que temem que o mesmo cenário de especulação imobiliária que impulsionou a crise em 2008, volte acontecer. João Souza, empresário do setor e especialista em investimentos imobiliários, no entanto, ressalta que não foi apenas a especulação que desencadeou a bolha imobiliária, responsável pela crise.

De acordo com ele, o subprime — financiamento que não busca qualificadores tão rigorosos para o comprador, apenas para o imóvel — também foi um fator agravante. “Por exemplo, se o imóvel valia U$500 mil, o banco financiava os U$500 mil para os americanos, de forma facilitada, sem entrada, sem necessariamente estudar bem o risco de inadimplência. Sem contar que a dívida vinha em uma carta de crédito na qual era possível pagar o valor mínimo, somando o resto ao saldo devedor. Essa postura, muitas vezes, era por questões de compliance”, explica.

Entretanto, como o compliance era quase zero, uma mesma pessoa financiava o mesmo imóvel em bancos diferentes, havendo também muitas fraudes. “Isso realmente é um momento extremamente diferente do que a gente vive hoje. Ao olhar para o momento atual, o compliance é bem rigoroso, os bancos dos Estados Unidos têm ferramentas para evitar o que aconteceu em 2008, e sob minha percepção, são cenários distintos”, pontua.

Sob o risco de uma nova bolha imobiliária causada pelo sistema financeiro, o especialista em investimentos e mercado imobiliário acredita que o setor aprendeu a evitar o cenário. “Entretanto, para as pessoas que sentem receio pelo momento atual, é muito importante que elas estejam posicionadas com os produtos imobiliários certos. No caso dos Estados Unidos, há produtos mais com risco conservador e arrojado. Imóveis de férias, por exemplo, são uma categoria que depende do turismo e por consequência, derreteram mais rápido frente ao Covid-19”, diz.

O empresário recomenda ainda fazer investimentos mais conservadores em imóveis residenciais localizados em áreas que esperam por valorização. “Evite as que não possuem escolas, hospitais e outros empreendimentos próximos, pois elas dependerão de outros incentivos para dar retorno. Existem muitas nuances e variáveis que fazem com que você possa se proteger dessa provável crise, mas acredito que esse não é o caso. Ao meu ver, o mercado irá se acalmar naturalmente”, analisa.