Comportamento “compulsivo” envolve número de horas trabalhadas, tarefas simultâneas e sentimento de culpa no tempo livre e é encontrado em todos os setores da força da trabalho, segundo uma nova pesquisa.Um terço dos trabalhadores na Alemanha está trabalhando “excessivamente” e outros 10% apresentam um comportamento de vício em trabalho, segundo um novo estudo representativo apresentado nesta quarta-feira (25/05).

A pesquisa foi encomendada pela Fundação Hans Böckler e é a primeira a examinar o comportamento workaholic em todos os setores da economia na Alemanha – e concluiu que o trabalho “compulsivo” está presente em todos eles.

O que o estudo revelou?

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Federal de Educação e Treinamento Profissional (BIBB) e pela Universidade Técnica de Braunschweig.

Os pesquisadores analisaram entrevistas com 8 mil pessoas empregadas na Alemanha. As respostas foram coletadas em 2017 e 2018, antes de a pandemia ter reduzido ainda mais a fronteira entre trabalho e vida pessoal.

O estudo descobriu que 9,8% das pessoas apresentavam comportamento viciado e “compulsivo” em seu trabalho. Outras 33% trabalhavam “excessivamente”, mas não de forma viciada.

A maioria, ou 54,9% dos trabalhadores, lidava com suas tarefas de trabalho com uma abordagem mais “relaxada”, segundo o estudo.

As mulheres eram ligeiramente mais propensas a serem workaholics do que os homens: 10,8% das mulheres foram consideradas viciadas em trabalho, em comparação com 9% dos homens.

Os jovens de 15 a 24 anos eram muito mais propensos do que os trabalhadores mais velhos, de 55 a 64 anos, a terem um comportamento viciado em trabalho: 12,6% dos trabalhadores mais jovens demonstraram um comportamento compulsivo, em comparação com 7,9% dos trabalhadores mais velhos.

Quais empregos estavam particularmente em risco?

Os gerentes e as pessoas que trabalham por conta própria estão muito mais em risco de desenvolver um comportamento viciado em trabalho, segundo o estudo.

Mais de 12% dos gerentes mostraram sinais de vício no trabalho, enquanto entre os não-gerentes o percentual foi de 8,7%.

“Entre os que ocupam cargos de gerência, o vício no trabalho se torna mais prevalente quanto mais alta é a posição”, escreveram os autores do estudo.

Os pesquisadores também encontraram comportamento workaholic em todos os setores, e as maiores taxas de vício de trabalho (19%) estavam nos setores agrícola, de manejo florestal, criação de animais e horticultura.

Os que estavam em menos em risco eram aqueles que trabalhavam em tecnologia, geografia e ciências naturais.

Fatores socioeconômicos, tais como o nível de educação ou o status de relacionamento, tiveram influência “muito fraca” na propensão de ser viciado no trabalho.

Aqueles que trabalham em empresas maiores, no entanto, tinham uma probabilidade menor de relatar vício no trabalho do que aqueles que trabalham em empresas menores.

O que é comportamento workaholic?

Os autores do estudo alemão utilizaram duas dimensões para definir e identificar o comportamento “viciado” e “compulsivo” no trabalho.

A primeira dimensão diz respeito a quanto as pessoas que trabalham, incluindo trabalhar muitas horas com altas cargas de trabalho e lidar com vários projetos ao mesmo tempo.

O segundo fator diz respeito a como seu trabalho impacta suas vidas pessoais.

Os viciados em trabalho foram definidos no estudo como os que tinham dificuldade em relaxar no seu tempo livre fora do trabalho, aqueles que verificavam compulsivamente os e-mails de trabalho após o fim do expediente, e aqueles que diziam sentir-se culpados por tirar férias ou enquanto estavam de férias.

O termo “workaholic” foi cunhado em 1971 pelo psicólogo americano Wayne Oates, para descrever pessoas cujo comportamento sobre o seu trabalho era semelhante ao daquelas que enfrentam alcoolismo.

Os autores do estudo pediram mais pesquisas sobre as causas do vício em trabalho, bem como sobre os impactos que ele pode ter na saúde física e psicológica dos funcionários.

bl (epd, AFP)