Rand Paul, um senador americano, consegue interferir diretamente na guerra da Ucrânia, ao negar um voto que aprovaria US$ 39,8 bilhões (cerca de R$ 194 bilhões), na sequência do apoio contra a invasão russa. Com seu voto contrário no Senado dos EUA, o “R-Ky” (republicano do Kentucky) bloqueou a tramitação do “Act” que chegou à Casa em 11 de maio. O documento oficial que já havia passado na Câmara e especifica o que seria dividido entre Exército, Marinha e Aeronáutica para seguir com a guerra. Com validade até 22 de setembro, detalha valores a serem aplicados não apenas em armamentos, mas também que seriam destinados ao governo de Volodymyr Zelinsky e a parte menor, reservada a ajuda humanitária.
Diante de críticas recebidas, de adversários e partidários políticos (como Chuck Schumer (democrata) e Mitch McConnell (republicano), respectivamente, líderes da maioria e da minoria no Senado, Rand Paul disse em tuíte da quinta-feira, 12, que seu juramento na posse do cargo de senador foi “para a Constituição dos Estados Unidos, não para qualquer nação estrangeira”. Justificou seu “não” aos bilhões de dólares para a guerra, dizendo que, embora simpatize com o povo ucraniano, os EUA não podem continuar gastando dinheiro que não tem, porque isso “está ameaçando nossa própria segurança nacional”.
Esses gastos, “uma soma significativa” nas palavras do senador, aprofundariam déficits federais e elevariam a inflação (de 8,5% ao ano, a maior em 41 anos). “Não podemos salvar a Ucrânia condenando a economia dos EUA”, falou. Em abril, Rand Paul já havia dito em audiência do Comitê de Relações Exteriores do Senado que “o apoio dos EUA à entrada da Ucrânia na OTAN contribuiu para a decisão da Rússia de invadir”. Ele, que rotineiramente se posiciona contra ingerência em outros países atrasando projetos de lei, desta vez quer um “inspetor geral” na análise minuciosa dos bilhões destinados à Ucrânia. No caso, os bilhões da Ucrânia precisariam de aprovação por unanimidade no Senado dos EUA.
Antony Blinken, o secretário de Estado, e Lloyd Austin, de Defesa, argumentaram que os fundos autorizados se esgotariam nesta quinta-feira, 19. De nada adiantou. Também ficou no ar a ordem de Joe Biden, que exigia o documento aprovado em sua mesa até o fim de semana passado – o presidente americano deve estar com inveja do colega Vladímir Putin, que não precisa se submeter à democracia.