Três décadas se passaram desde que José de las Heras Hurtado (foto) chegou ao Brasil e, no litoral paulista, escolheu o Guarujá para morar. Há tempos ele é maître do restaurante Rufino’s, no bairro do Balneário Mar Casado, está com 72 anos de idade e toca uma rotina pacata. Os clientes que o conhecem sequer imaginariam, no entanto, que a vida desse amável homem já foi um vendaval: Hurtado é um fugitivo da Espanha, fato revelado na semana passada pelo jornal espanhol “El País”. Ele integrou o grupo de extrema direita denominado Frente de la Juventud e cometeu assaltos, sequestros e assassinatos em Madri, sobretudo no período de transição entre o final da ditadura de Francisco Franco, em 1976, e o novo governo constitucional iniciado em 1979 – um desses atentados se deu contra a sede do próprio “El País”. Hurtado fugiu em 1984, deixando para trás, além de esposa e dois filhos, os 163 anos de prisão aos quais seria condenado pelo número de ataques que promoveu e de pessoas que feriu ou matou. A derradeira ordem para capturá-lo, expedida pelo governo espanhol, prescreveu em 2013.