ILUMINADAS (The Shining Girls) Lauren Beukes Ed. Intrínseca | Preço: R$ 59

Como se proteger de um perigoso assassino em série quando ele, em vez de se esconder em algum lugar sombrio, refugia-se em outra época? Essa é a premissa de Iluminadas (The Shining Girls), suspense com elementos sobrenaturais produzido para a plataforma de streaming AppleTV+. A série tem a atriz Elizabeth Moss (Mad Men, O Conto de Aia) interpretando Kirby, arquivista de um jornal de Chicago que viveu um trauma terrível na infância. Ao ler uma notícia sobre um caso semelhante ao seu, ela busca a ajuda de um colega mais experiente. Esse repórter investigativo, que tentará ajudá-la a superar o passado e identificar o criminoso, é Dan Velazquez, papel de Wagner Moura.

A série de oito episódios foi inspirada em um best-seller da autora sul-africana Lauren Beukes e tem produção executiva de Leonardo DiCaprio. Além da trama sobre a caçada a um assassino que viaja no tempo, a produtora Silka Luisa diz que seu objetivo era valorizar o jornalismo. “No início dos anos 1990, quando se passa a história, o jornal impresso era um megafone que chegava a todos os cantos de Chicago. O jornalismo cria narrativas, então fazia sentido que Kirby se tornasse uma repórter para recuperar a sua própria história”, afirma Silka. A atriz Elizabeth Moss, por sua vez, aproveitou para fazer elogios ao colega brasileiro: “Wagner combina perigo e vulnerabilidade, uma tarefa muito difícil para qualquer ator. E ele faz isso de forma extraordinária.”

Jornalismo em cena

O mundo das notícias não é novidade para o brasileiro. Wagner Moura é formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia e chegou a trabalhar para a Bahia TV, em Salvador. Para se preparar para o papel, reuniu-se com a equipe do jornal Chicago Sun-Times. “Sou fascinado pela profissão. Especialmente agora em que ela está sob ataque, com as fake news espalhadas pelas redes sociais. O jornalismo é mais importante do que nunca para a democracia”, diz ele.

A participação em Iluminadas é mais um passo do ator na consolidação de sua carreira internacional, trajetória que atingiu o seu ápice com a série Narcos, em 2015. Na produção da Netflix, ele interpreta o traficante colombiano Pablo Escobar – Moura chegou a ser indicado ao Globo de Ouro. Seu próximo projeto é The Gray Man, dos irmãos Anthony e Joe Russo. Ao custo de US$ 200 milhões, o filme que também traz Ryan Gosling e Chris Evans no elenco será a superprodução mais cara da história da Netflix. Na sequência, estará ao lado da atriz Kirsten Dunst no épico Civil War, do diretor britânico Alex Garland. A carreira de Wagner Moura no exterior está cada vez mais iluminada.

WAGNER MOURA
“O streaming mudou tudo”

Como foi o processo de preparação para fazer o papel do jornalista Dan Velazquez em Iluminadas?
Sou formado em jornalismo e trabalhei um pouco na área. Para aprimorar a pesquisa, passei um tempo com Bob Herguth (repórter veterano do Chicago Sun-Times), um profissional íntegro e completo. A experiência foi muito rica.

Qual é a importância do jornalismo nessa era de fake news?
Alguns dos meus melhores amigos são jornalistas, em Salvador. Tenho muito respeito pela profissão e admiração pelos bons profissionais, sobretudo hoje em dia. Temos líderes mundiais que dizem coisas para desacreditar essa atividade, colocando, inclusive, esses jornalistas em perigo.

INTEGRIDADE Wagner Moura, como Dan Velazquez: perigo e vulnerabilidade (Crédito:Elizabeth Sisson)

Como é o personagem de Velazquez?
Ele é meio complicado, problemático, mas é um bom profissional. Fiquei muito contente com o papel.

Após sua atuação na Netflix, chega essa participação em uma produção da AppleTV+. O streaming tornou o cinema uma arte mais internacional?
As plataformas de streaming mudaram tudo. Lembro quando fizemos Narcos, em 2015. Pensávamos: será que os americanos terão paciência para ler legendas?. Hoje isso é um assunto superado: o sul-coreano Parasita ganhou o Oscar de Melhor Filme. A forma como o material circula pelo mundo mudou.

Como isso afeta o mercado brasileiro?
Há séries feitas na Albânia, na Coreia do Sul. Veja o sucesso de La Casa de Papel, produzida na Espanha. Com isso, a possibilidade de artistas brasileiros trabalharem no mercado americano é muito grande. Não só atores, mas técnicos começarão a trabalhar aqui também.

“Sou fascinado pelo jornalismo. Ainda mais agora em que ele está sob ataque, com as fake news espalhadas pelas redes sociais” Wagner Moura, ator

Marighella foi um projeto traumático, pela forma como a Ancine o tratou?
Marighella foi uma experiência potente, prazerosa. Foi uma briga que gostei de brigar, um confronto que me alimentou. É um projeto que me deixou muito feliz e do qual tenho um orgulho enorme.

Quais são os próximos passos da sua carreira internacional?
Não divido minha história em “nacional” e “internacional”. O projeto que estou mais animado para fazer é com o Kleber Mendonça, mas ainda não sei se vamos filmar esse ano. Quero atuar em projetos legais. Estou amando filmar com o britânico Alex Garland e quero voltar a trabalhar com o brasileiro Kairim Ainouz.