Marcado para ocorrer no dia 02 de setembro, exatos um mês antes do primeiro turno das eleições brasileiras, o Rock In Rio anunciou que não irá proibir manifestações políticas, sejam por parte dos artistas convidados ou do público pagante. A decisão foi tomada depois de a Justiça tentar censurar os artistas do festival Lollapalooza, em São Paulo, em março deste ano, depois de cantores se posicionarem contra Bolsonaro.

O Rock In Rio também espera que seu público esteja afiado nos dois finais de semana em que acontece o festival, ainda mais com a proximidade das eleições. O CEO do evento, Luis Justo, destacou, em encontro com jornalistas, que, este ano, a cidade do rock será totalmente um espaço acolhedor de todos os discursos, tratando-se sejam eles políticos ou não. “Não entramos em discussões partidárias, de um candidato ou de outro. O que não impede, obviamente, num ambiente democrático, que pessoas com posicionamentos, como artistas ou público, se manifestem”, afirmou Justo.

No Lollapalooza, além dos 300 mil jovens ali presentes, cantores como Jão, Pabllo Vittar, Emicida, e outros, se posicionaram contra o governo de Jair Bolsonaro, o que acabou irritando políticos do partido do presidente que acionaram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) denunciando a realização de propaganda irregular. No final deu tudo errado. Além da decisão ter sido falha, os gritos de “Fora Bolsonaro se intensificaram no coro, no volume e na ação.

Naquele final de semana ficou óbvio que o governo havia perdido a ala mais jovem de seu eleitorado. Ele, que em 2018, tinha o apoio de 30% dessa faixa etária, hoje não consegue chegar aos 20%. E mais de 50% desse público quer o impeachment de Bolsonaro. O Lollapalooza expôs o descontentamento com o presidente em larga escala.

Foi a partir dali que a corrente de famosos nacionais e internacionais, com o objetivo de fazer o máximo de jovens entre 16 e 18 anos tirar o título de eleitor começou. No último dia 05 soubemos o resultado da campanha: cerca de 2 milhões de pessoas nessa faixa etária tirou o certificado e está apto para votar em outubro – um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período de 2018 e de 57,4% em relação ao número registrado entre janeiro e abril de 2014. Somente em abril, 991,4 mil novos títulos foram registrados para eleitores de 16 a 18 anos de idade – um aumento de 90% em relação a março.

O dia da eleição está chegando (falta cinco meses), mas antes dela, ainda iremos ouvir muito “Fora Bolsonaro” no Rock in Rio. A ver.