A oposição, em especial o Partido dos Trabalhadores, arma estratégia para ganhar o comando da importante Comissão de Relações Exteriores da Câmara (CREDN) em ano eleitoral — hoje nas mãos do deputado Aécio Neves (PSDB), de saída. Os deputados petistas Arlindo Chinaglia e Carlos Zarattini, da forte bancada paulista, têm a missão para o levante verbal contra os bolsonaristas na sala e no Itamaraty. A ideia dos petistas é conquistar a CREDN e usá-la como uma vitrine internacional para o discurso eleitoral de Lula da Silva, enquanto o ex-chanceler Celso Amorim será convidado para vocalizar as ideias do chefe em audiências públicas na Casa. Ex-presidentes da Câmara, Chinaglia e Aécio — cuja gestão foi apoiada pelo PT na Comissão — têm conversado muito sobre isso. Amorim ganhou a tarefa, também, de fazer a ponte com a ala centro-esquerda do Ministério das Relações Exteriores. No projeto de poder do PT, a conquista da CREDN é crucial para fazer uma transição mais célere caso Lula seja eleito.

Chinaglia e Zarattini ganharam missão de atacar os bolsonaristas. Projeto do PT envolve audiências com Celso Amorim para dar voz às ideias de Lula

Um Rio de incertezas

Ricardo Borges

O cenário é tão confuso no Rio de Janeiro, sem um expoente político, que os potenciais nomes não dormem diante de turbilhão de ofertas de chapas. A mais recente que paira sobre gabinetes emenda André Ceciliano (PT) com Cesar Maia (União Brasil) de vice para o governo. No pacote ainda vai Alessandro Molon (Rede) ou Marcelo Freixo (PSB) ao Senado.

Freio na bancada feminina

A bancada feminina na Câmara ensaiou reação em cadeia. Mas o Centrão e o presidente da Casa, Arthur Lira, fizeram chegar às líderes que não são obrigados a indicar uma deputada para a vindoura vaga da ministra Ana Arraes, prestes a se aposentar. A vaga é da Câmara, claro, mas pode ser de um homem ou mulher. Estão no páreo, já em discreta campanha desde o ano passado, as deputadas Bia Kicis (PSL-DF), presidente da poderosa CCJ; Soraya Santos (PL-RJ) e Margarete Coelho (Progressistas-PI), terra do ministro Ciro Nogueira — de quem tem simpatia. Corre por fora com chances o deputado relator do Orçamento da União, Hugo Leal (PSD-RJ).

Vendeta de Alckmin após oferta à Câmara

Alexandre Carvalho

Em política, o fígado movido pela vendeta arde mais que tapinhas de adversários nas costas. O ex-governador Geraldo Alckmin, que orbita atrás de partido e vitrine nacional, transita entre os dois. E tem a perder, indicam amigos e ex-aliados. A porta de saída do PSDB foi aberta quando lhe ofereceram a candidatura a deputado federal — o que considerou um acinte do partido. Tucanos lhe avisaram que vai perder o seu eleitor fiel na eventual aliança com Lula da Silva (PT). E o risco maior: enterrar-se de vez, puxado por Lula, caso o petista perca a eleição. O apoio do PT a Geraldo Alckmin não lhe rende votos.

O clã se espalha para negociar

Divulgação

Há duas décadas a família Bolsonaro usa estratégia partidária-eleitoral que fortalece o clã: filiação em diferentes partidos. Na iminência do novo pleito não é diferente. O patriarca Jair entrou no PL — mesmo caminho do filho e senador Flávio (RJ). O vereador carioca Carlos bate ponto no Republicanos (ligado à Igreja Universal). Eduardo (PSL), o deputado federal campeão
de votos em São Paulo, pode disputar a reeleição pelo PRTB. Movimentos de aliados indicam a estreia de bolsonaristas no ‘nanico’. Negociam com o PRTB o ex-líder deputado Vitor Hugo (GO) e o deputado General Girão (RN).

Chifre na caixa – e algema também

No dia 6 de fevereiro completam-se dois anos de flagrante curioso de fiscais do Ibama do Paraná após aviso dos Correios. Foram apreendidos utensílios de cozinha feitos com chifres de cervo axis, sem licença de importação. Seu habitat são florestas asiáticas. O dono não apareceu ainda.

Marinho faz sua ponte

Ministro do Desenvolvimento Regional e pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte, Rogério Marinho, um egresso do baixo clero da Câmara, não faria diferente num ministério. Usou a caneta e destinou R$ 38.310.823 para a construção de ponte em seu reduto eleitoral, ligando São Gonçalo do Amarante a Natal, sobre o rio Jundiaí.

País das 5 mil rádios

O país terá 5.365 rádios até o fim do ano com as novas concessões do Plano Nacional de Outorgas. Sudeste (hoje com 1.588 transmissoras) ganhará mais 106; o Centro-Oeste (466) ganhará 33; Nordeste (1.543) ficará com outras 180; Serão novas 32 na região Norte (atualmente com 366); e o Sul (970) tem autorização para 81 concessões.

Nos bastidores

Um nó no Judiciário
Passados quase três meses da prisão decretada para Allan dos Santos, o nome que aparece na lista vermelha da Interpol é de um homônimo, paulista, procurado por tráfico.

Covid de portas abertas
Amostra de como o Brasil é porta escancarada para o vírus. Passageiros do voo 705 da KLM, de Amsterdã para o Galeão (Rio), desembarcaram dia 6 sem abordagem de um fiscal sequer da Anvisa no terminal.

Será que ele convence?
O ataque ainda é planejado, mas a defesa do presidente Bolsonaro na campanha já foi definida. Ele vai apontar a pandemia
da Covid-19 como culpada pelos problemas do governo. E liberou seus ministros para espalharem isso nas agendas públicas.

Apostas à mesa

Há um jogo combinado em Brasília. O Congresso aprova a legalização dos jogos de azar, o presidente da República veta — para segurar o voto evangélico — e os parlamentares derrubam o veto. Todos ganham.