Um quinto das empresas estatais venezuelanas está inoperante por um mau gerenciamento, enquanto dezenas enfrentam denúncias de corrupção, de acordo com um estudo da ONG Transparência Venezuela divulgado nesta sexta-feira (16).

Das 576 companhias que o Estado é proprietário ou possui a maioria acionária, “somente 467 estão operando”, assinala o relatório, o que indica que quase 20% pararam de funcionar.

A organização identificou como causas “a falta de manutenção, a destruição de equipamentos gerenciais, a preponderância da ideologia e a lealdade ao modelo político, o aumento do gasto corrente” e a ausência de controles.

Segundo a Transparência, 441 empresas estatais, uma grande maioria, foram criadas ou adquiridas durante os governos socialistas do falecido Hugo Chávez (1999-2013) e de Nicolás Maduro, “por via de expropriações, confiscos, nacionalizações e re-estatizações”.

A pesquisa se aprofundou em 160 empresas em setores-chave, como agroalimentos, hidrocarbonetos, mineração e metalurgia, e serviços públicos.

Desse conglomerado, “74,4% têm denúncias públicas de corrupção ou de práticas ilícitas”, o que evidencia o predomínio a predominância de um “modelo cleptocrático”, destacou o documento.

O outrora rico país petroleiro enfrenta uma grave crise caracterizada pela escassez de alimentos e remédios, cinco anos de recessão e uma inflação que, de acordo com o FMI, chegará a 1.350.000% em 2018 e a 10.000.000% em 2019.

O colapso foi acentuado com a queda da produção de petróleo, que fornece 96% da renda deste país dependente das importações.

O bombeamento passou de 3,2 milhões de barris por dia para 1,7 milhão de barris em outubro, segundo dados oficiais e da Opep.

A petroleira Pdvsa, que, segundo a ONG, tem 100 empresas ligadas a ela, é chefiada pelo general Manuel Quevedo. Outras 75 corporações têm um militar como autoridade máxima, de acordo com a investigação.

A Transparência observou que a perda de competitividade das empresas públicas ocorreu apesar do fato de que entre 2003 e 2015 “receberam mais de 500 bilhões” de dólares “sem contar os recursos alocados via fundos fiscais”.