O Festival de Jazz de Montreux foi fundado em 1967 pelo trio Claude Nobs, Géo Voumard e René Langel. Em pouco tempo, passou a ser considerado o mais famoso festival de jazz do mundo. Sua primeira edição foi realizada no Montreux Casino e durou três dias, em uma época em que todos os músicos eram de jazz puro. Só anos mais tarde outros estilos seriam aceitos e a noite brasileira ganharia um espaço fixo. Muitos álbuns antológicos sairiam também das apresentações feitas naqueles palcos.

Um dos encontros históricos aconteceu em 1979, quando Hermeto Pascoal acabou dividindo a cena com a cantora Elis Regina. A reunião foi no improviso, cada um estava ali para fazer seu próprio show, mas Hermeto e Elis acabaram armando tudo no palco. Ao tocar a harmonia de músicas como Garota de Ipanema (que Elis jurava que jamais cantaria) e Asa Branca, Hermeto fez o que sempre gostou de fazer: entortou as sonoridades a ponto de levá-las ao limite da identificação.

Em suas mãos, era como se se tornassem outras músicas. Elis sorria, respirava fundo, batia no tampo do piano de Hermeto e não deixava a bola cair mesmo nos momentos em que não sentia mais o chão. Hermeto responderia, anos mais tarde, que jamais quis derrubar Elis Regina, como muitos acreditam até hoje. “Eu só puder fazer aquilo porque era com a Elis. Outra cantora não conseguiria fazer o que ela fez.” Seu conceito de improviso não é o mesmo dos jazzistas. Ele acredita que o susto, a surpresa, tem de ser real, e não falsa, como é ensinada em escolas de jazz renomadas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.