O capitão Jair Messias Bolsonaro não goza mais da alta popularidade que o elegeu presidente. Ele chegou ao auge de sua carreira política surfando na onda do antipetismo. Hoje, o mandatário se vê cada dia mais desidratado. Fragilizado pelas denúncias que surgiram contra ele ao longo do mandato, o presidente chega ao seu pior momento da gestão, acusado pela CPI de ser omisso e negligente na pandemia, assim como de ter-se tornado um dos responsáveis pelo caos sanitário que o país vive. No momento em que o Brasil ultrapassa a marca de 452 mil mortos pelo coronavírus, o presidente vê sua preferência eleitoral despencar, de fato, entre os eleitores.

A 17 meses das eleições, as pesquisas eleitorais já mostram esse quadro negativo para o presidente, indicando que a situação pode piorar ainda mais, à medida em que a CPI avance e deixe ainda mais cristalino o envolvimento do capitão nas irregularidades praticadas na inação do governo no combate ao vírus. As pesquisas apontam que, se as eleições fossem hoje, o mandatário seria derrotado por Lula, o inimigo que ele combateu para se eleger. No levantamento mais recente realizado pelo Instituto Datafolha, o ex-presidente petista aparece com vantagem expressiva sobre Bolsonaro, tanto no primeiro turno, quanto no segundo.

Os resultados preliminares podem ser interpretados à luz de suas perspectivas. A primeira delas parte do princípio de que o anti-petismo se diluiu e isso favorece Lula. Apesar do ex-presidente ter sido preso na Lava Jato, o que teria um efeito negativo sobre sua candidatura, as condenações impostas a ele por corrupção foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que o devolveu ao jogo político. E ele recupera os direitos políticos para ser candidato no exato momento em que o anti-bolsonarismo também começa a se intensificar, sobretudo por conta dos que o chamam de genocida. Essa pecha está cada vez mais se consolidando entre grande parte do eleitorado.

Cientes disso tudo, os adversários do capitão já começaram a se movimentar pensando na disputa presidencial do ano que vem e parece claro que a oposição a Bolsonaro terá que se unir para impedir que ele se reeleja e mantenha sua política negacionista que tanto mal está fazendo ao País. Até pouco tempo, dirigentes da esquerda falavam em união para derrotá-lo, mas isso acabou ficando só nas intenções, mais para inglês ver. Após o retorno de Lula ao jogo, a velha divisão nas esquerdas voltou a se manifestar, inclusive com ataques de Ciro Gomes ao petista, o que inviabiliza a aliança nesse espectro político. Em 2018, a mesma divisão nas esquerdas possibilitou a vitória de Bolsonaro. Deu no que deu. Será que o erro vai se repetir mais uma vez?