O presidente Jair Bolsonaro tentou testar sua popularidade junto à classe média paulistana no último fim de semana, quando aproveitou para assistir o jogo entre Palmeiras e Goiás pelo campeonato brasileiro, no Allianz Parque. Antes passou na churrascaria Laço de Ouro, na Zona Oeste da cidade, onde almoçou. E se deu mal. Há diversas imagens sob vários pontos de vista que apareceram nas mídias sociais de Bolsonaro no estabelecimento. E o que se vê, na maioria dos casos, é gente revoltada com sua presença. Alguns clientes o cercavam e o chamavam de vagabundo, outros faziam sinais de negativo e um grupo gritava “Fora!”. Só os vídeos divulgados pelo empresário Luciano Hang, dono da Havan, que o acompanhava no almoço, além do deputado estadual Gil Diniz (PL-SP), mostravam algum apoio ao presidente, com tímidos gritos de mito. A sensação, porém, é de que Bolsonaro onde quer que vá causa estorvo. Dependendo do ângulo que se olhe pode parecer que ele foi enxotado do restaurante.

No Laço de Ouro se revela a divisão da sociedade. Existem os que gostam de Bolsonaro, uma minoria barulhenta, os que o toleram, mais silenciosos, mas a maioria não suporta mais sua figura desagradável e agressiva. Sua presença faz aflorar os piores sentimentos dos seres humanos, que foram contaminados pela cultura do ódio que ele próprio fomentou. De um modo geral, alguns personagens que chamam a atenção nas imagens que circularam são aqueles que parecem enfadados, que não gritam e apenas olham Bolsonaro meio aparvalhados, se perguntando o que esse palhaço está fazendo aqui. Mas a fúria da maior parte dos freqüentadores do local mostra uma população no limite da paciência, querendo se livrar de um presidente estrupício.

Bolsonaro na churrascaria é um elefante numa loja de porcelanas. De repente, os conflitos sociais ganham voz e forma e a classe média consegue externar a sua indignação. O que se tem no Laço de Ouro é um exemplo de que seus tempos no poder estão chegando ao fim. Mais do que mera rejeição política, o presidente causa aversão e náuseas. Tirando seus apoiadores de sempre, gente cega para seu comportamento inaceitável e para suas sandices, nenhum ser pensante pode querer ficar ao lado de Bolsonaro em um restaurante, almoçando tranquilamente. Sua mera presença pública em lugares em que as pessoas querem relaxar e se divertir é uma afronta.