Apesar de selecionado pelo Festival de Veneza para concorrer ao Leão de Ouro de Melhor Filme no ano passado, “O Pássaro Pintado” não é para grandes plateias. O drama produzido e dirigido pelo tcheco Václav Marhoul conta a história de um garoto judeu enviado por seus pais para viver em segurança com a tia ao final da Segunda Guerra. Ela morre, e o garoto passa a viver um inferno provocado pelos camponeses supersticiosos e os soldados cruéis. Marhoul explica o por quê da sua decisão de adaptar o best-seller de Jerzy Kosinski, clássico da literatura do Leste Europeu, de 1965. “Ainda vivemos esse drama hoje”, afirma eo cineasta. “Vi coisas piores nos campos de refugiados de Ruanda, na África.” Apesar da bela fotografia em preto e branco, o filme traz cenas fortes e choca de maneira proposital, segundo o diretor: “Quis tirar as pessoas da zona de conforto. Meu filme levanta questões sobre o bem e o mal, o destino, a existência de Deus. Me preocupo mais em fazer perguntas do que em oferecer respostas.” O elenco europeu conta com a participação do ator americano Harvey Keitel. “Ele procurava um projeto europeu e era fã do livro. Leu o script e disse ‘sim’ no mesmo dia.”

Um diretor de filmes difíceis

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Václav Marhoul não gosta de projetos fáceis. Seu próximo filme será produzido em inglês e contará a vida do senador americano Joseph McCarthy, responsável pela caça às bruxas realizada contra cidadãos de esquerda nos EUA durante a Guerra Fria. “Os americanos idealizam essa época de maneira curiosa. Pretendo apresentar a visão de um homem que viveu durante 29 anos em um regime comunista. Será interessante abordar esse tema enquanto vivemos sob governos de Putin, Trump e Bolsonaro”.