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Já imaginou trabalhar enquanto ouve o barulho do mar do Caribe ou escuta a revoada dos pássaros na Indonésia? Ou ainda chamar de lar os lugares mais exclusivos do planeta e pouco explorados pelo turismo de massa? Com o home office em ascensão após a pandemia da Covid-19, e a consequente queda das viagens internacionais, diversos países querem a presença dos nômades digitais. Mas quem são eles? São aquelas pessoas que não precisam estar em um lugar específico para trabalhar. Geralmente ligados aos setores de tecnologia e marketing, eles cresceram em número quando diversas empresas, entre elas gigantes da tecnologia, como Google e até o Nubank, estabeleceram que seus empregados não voltariam tão cedo para o escritório físico. Isso quer dizer que tanto faz pagar aluguel em um bairro de São Paulo ou em um bangalô na Tailândia, desde que a conexão com a internet seja rápida e o fuso horário não atrapalhe as reuniões ao vivo.

Com o turismo em baixa, locais como Curaçao e Barbados, no Caribe, Ilha da Madeira, em Portugal, e Bali, na Indonésia, estão oferecendo incentivos para que qualquer pessoa que tenha um trabalho e renda comprovada possa passar um período em seus territórios e assim movimentar a economia da região, já que o estilo de vida do nômade digital é estar sempre em movimento. Ele vai ao supermercado, farmácias, restaurantes, aluga carros e busca um resort ou um Airbnb para morar. É importante ressaltar que os países não estão interessados em pessoas sem emprego ou em busca de moradia fixa. Os governos oferecem vistos de 6 a 12 meses que podem ser renovados caso a pessoa tenha interesse.

Daniel SLIM / AFP

Essa política vale para a família toda, desde que se garanta a autonomia financeira e o plano de saúde para os envolvidos. Para o empresário e escritor Raiam Santos, não são necessários incentivos ou vistos especiais para rodar o mundo. “No momento, a minha base é Los Angeles, nos Estados Unidos, mas agora estou passando um tempo em Tulum, no México”, diz. Ele explica que, com seu visto americano de turista, permanece três meses nos Estados Unidos, vai para o México e depois volta.

Isso quando não se decide por Dubai, nos Emirados Árabes. “O visto de turista garante permissão de três a seis meses em um país e os incentivos do governo nem sempre são necessários”, afirma. Durante a pandemia, os lugares que têm atraído os nômades e os influenciadores digitais, segundo Santos, são os Emirados Árabes e o México. Quem acompanha as “influencers” deve ter percebido que a modelo Sasha Meneghel, a cantora Simone Mendes, a atriz Claudia Raia, mais o casal Gabriel Medina e Yasmim Brunet visitaram as mesmas praias em um período de três meses.

 

Johannes P. Christ

“Eu estava na Tailândia com a minha mulher e dois filhos quando foi decretado o lockdown em março do ano passado. Decidimos ficar e conseguimos hospedagem em um resort paradisíaco por um preço muito baixo”, conta o empresário Patrick Marquart. Por trabalhar com o próprio negócio, ele não precisa de um escritório fixo. Em um ano, a família visitou lugares como Escócia, Austrália, Itália e tantos outros. “Meu filho fez 7 anos na Itália e minha filha fez 4 na Tailândia. Esse tipo de aprendizado é importante para eles”, diz. Para Artur Ribas, empresário que vive como nômade digital há cinco anos, um dos lugares mais bonitos que conheceu foi a Ilha da Madeira, em Portugal. Ele e a esposa, a bielorrussa Aliaksandra Suslava, costumam viajar para centenas de lugares e no momento estão no Brasil. Ele coordena uma plataforma de cursos digitais e ela é personal trainer.

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Em seu Instagram, Ribas revela que para morar fora, o ideal é ter uma renda de R$ 8mil a R$ 10 mil por mês. Ou seja, não é uma opção para qualquer um com o Real desvalorizado. O site “Nomad List” oferece um ranking com os melhores lugares para se passar uma temporada, enumerando pontos positivos e negativos, como preço médio mensal, infraestrutura, velocidade de internet, segurança e qualidade do ar. Portugal lidera a lista e Bali ocupa o segundo lugar, por exemplo. Santos lembra que a pessoa não precisa abandonar tudo e viver de país em país. O interessado pode tirar um período para trabalhar fora e depois voltar à vida normal. “Há muitos países abertos para o Brasil. Nosso passaporte, apesar de qualquer atitude do governo, ainda é muito amado pelos estrangeiros, já que o brasileiro viaja para gastar e gasta bem”, diz. Ele afirma ainda que é preciso cuidar de si e dos outros, fazer a quarentena imposta em cada lugar, testes de Covid-19 e seguir à risca as regras dos países. “Ser nômade digital não é bagunça, é algo sério, mas que pode ser muito divertido”, diz.


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