Um dos principais redutos da cultura e da boemia paulistana está ameaçado. O Teatro e Bar Cemitério de Automóveis, inaugurado em 2012 pelo dramaturgo Mário Bortolotto, pode baixar definitivamente as portas por causa do aumento no preço do aluguel e possível reprovação do fiador. Localizado na rua Frei Caneca, no centro de São Paulo, o lugar foi batizado com o nome do grupo fundado por Bortolotto há 35 anos em Londrina, no Paraná. Sem nenhum apoio do governo, o compacto palco recebe cerca de 10 peças por ano. O espaço é também ponto de encontro de atores, escritores, músicos e desenhistas. “Além de ser um dos maiores dramaturgos do País, Mário é um aglutinador”, diz o escritor Marcelo Montenegro. Ivam Cabral, fundador da Cia. de Teatro Os Satyros, outro expoente do teatro alternativo de São Paulo, se ofereceu para ser o novo fiador. “As peças do Cemitério de Automóveis marcaram as primeiras impressões de teatro que tive na vida”, afirma Cabral. Bortolotto entregou a documentação à imobiliária e espera a resposta na primeira quinzena de dezembro. “Negociamos também a manutenção no preço do aluguel. Queremos montar Kerouac no ano que vem”, diz.