Fernando Llano

Qual é a situação do Haiti até às vésperas do final da semana passada? Trágicas respostas. Um país esmagado por crises políticas, pela total ausência de segurança e péssimas condições humanitárias. Um país vivendo ainda o caos institucional provocado pelo recente assassinato do presidente Jovenel Moïse. Um país em que a corrupção é a ordem do dia. E qual é a situação do Haiti a partir do final da semana passada? Mais trágicas ainda as respostas. Um país com consequências devastadoras de um novo terremoto que o fez tremer, agora de 7,2 graus (Escala Richter), 0,2 superior em relação ao que matou cerca de duzentas mil pessoas há onze anos, porém ocorrido em menor profundidade no solo. Um país que vê, também hoje, o número de vítimas fatais do cataclismo em triste escalada: na quarta-feira 18, dados oficiais apontavam, pelo menos, dois mil e quinhentos mortos e nove mil feridos. Casas, igrejas, prédios, escolas, hospitais e clínicas com pacientes de Covid, abrigos, hotéis, pontos de distribuição de comida, tudo ruiu. Tempestades dificultavam o resgate. Um país no qual milícias tomaram posse territorial de toda a região sul — e a saqueiam. Um país em que a fome endêmica aumentou.

Ricardo Arduengo

Um país que, mais uma vez, implora pela ajuda internacional. Ao longo da história das nações, ouvimos hinos que foram feitos para determinados países, e vemos, também, países que parecem ter nascidos especificamente para os hinos que lhes foram compostos. É o caso do Haiti. O refrão: “Haiti, não chore/eu sei que a angústia te rasga/Haiti, enxugue suas lágrimas/por favor, refaça a sua maquiagem”.

“Esse país não encontra pausa e paz. Os efeitos cumulativos de más gestões nos tornaram vulneráveis. Levará anos para consertar as coisas. E nós nem começamos a fazer isso” Marc Alain Boucicault, empresário haitiano

Arte
Pequenas grandes cenas

CRIAÇÃO Ana Prata: “Busco afetividade ou conforto que se expressam em pequenas cenas” (Crédito:Divulgação)

A pintura como possibilidade e o despertar crítico são fundamentos essenciais para a artista plástica mineira Ana Prata. As suas obras, já expostas em Londres, na China e nos EUA, chegam agora a São Paulo com a mostra “Olho nu” — pinturas guiadas pela temática da natureza-morta. As criações mesclam o mundo interior da artista com amplo estudo do repertório modernista. “Estou gostando de pintar potes e frutinhas, parece que busco uma espécie de afetividade ou conforto que se expressam nessas pequenas cenas”, diz Ana. A exposição, na Galeria Millan, vai até
o dia 15 de setembro.

Comportamento
Vacina vale uma visita ao castelo do Conde Drácula

Autoridades sanitárias europeias fazem de tudo para que as pessoas se vacinem contra a Covid-19 — e oferecer algo em troca tem dado bons resultados. A mais recente campanha é totalmente inesperada: uma visita ao famoso e misterioso castelo do Conde Drácula, na Transilvânia. No Reino Unido, o governo começou a apelar para o risco da solidão com propagandas que dizem: “sem vacina, você ficará longe dos amigos e fora de eventos sociais. Todos se irão se divertir, menos você”. Vale tudo. Drácula, porém, é quem anda fazendo sucesso.

Economia
O banco mais antigo do mundo deixará de existir

FALÊNCIA Monte dei Paschi: história de glamour, corrupção e assassinato (Crédito:Stefano Rellandini )

Chama-se Monte dei Paschi o banco mais antigo do mundo, fundado no século 15 — mais precisamente em 1472. Localiza-se na famosa praça italiana Salimbeni, em Siena. Os responsáveis pela instituição financeira confirmaram
que sua existência está no fim: é o credor mais fraco da Europa. A sua história, ao longo dos séculos, envolve glamour, excelentes e péssimos negócios, muita corrupção e um misterioso assassinato. Deverá ser vendido ao UniCredi.

2,5 bilhões de euros é o valor que o Monte dei Paschi necessita para sua recuperação financeira. A informação é do ministro da Economia da Itália, Daniele Franco