Nascidos, criados e alfabetizados em um mundo em que a tecnologia encurta – e até substitui – o contato com o mundo real, os “millenials” muitas vezes são reduzidos a seres pouco humanos. Não é raro ver em uma novela ou em uma série um jovem que só se relaciona com o mundo virtual, e que sequer frequenta o universo além da janela de seu tablet.

A proposta de “Perrengue”, série que a MTV Brasil lança hoje, 21, em sua programação, quer desconstruir essa figura encapsulada dos novos adultos. Sem impor regras e fugindo do didatismo, a obra de Renata Fraga e Tatiana de Lamare explora a humanidade por trás dos protagonistas dessa geração, incluindo seus anseios, frustrações e visão de mundo.

“Existem várias camadas de jovens e escolhemos um grupo para ser retratado, e que existe”, afirma Tatiana de Lamare, diretora-geral e produtora da série. “As pessoas mais velhas costumam reduzir os jovens adultos a pessoas pouco envolvidas com o próximo. Mas não é assim. Os jovens se preocupam com quem está ao seu redor e têm suas questões. A série serve como uma chamada de atenção no público, para mostrar que essas pessoas que não vivem em função da internet e das redes sociais existem.”

Na série, esses jovens são materializados pelos protagonistas Pérola (Mariana Molina), Miguel (Guilherme Dellorto) e Cadu (Vinícius Redd), todos com seus 20 e poucos anos de idade. A história começa com Pérola chegando à casa que herdou de sua avó, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, um casarão visivelmente deteriorado e cheio de “perrengues” para serem resolvidos. Um palavrão é a primeira fala pronunciada na trama. E também a segunda. Reação instantânea de uma jovem que mal concluiu sua mudança de endereço e logo se dá conta de que terá uma série de problemas pela frente.

“Perrengue é aquele momento em que você fala: ‘ih, ferrou’. Mas que, no segundo seguinte, você consegue encontrar uma solução. Quem nunca passou por isso? É um recorte de perrengues que são pertinentes a esta geração. São situações que remetem à angústia do jovem, dialoga com o tempo em que vivemos”, reforça De Lamare.

Pérola é de classe média, uma mulher livre e um pouco amoral. Segue o ímpeto de sua mente e tem um cuidado quase maternal com seus amigos de infância, Miguel e Pedro. O primeiro, de origem humilde, sofre de ansiedade e busca melhorar de vida. Não à toa, aceita viver com sua melhor amiga. O segundo é um típico surfista carioca, com certa imaturidade, mas que age de acordo com os chamados de seu coração.

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A produção evitou maquiagens ao retratar esse universo. Cenas de nudez, sexo e consumo de drogas estão expostas, assim como temas pertinentes à geração: relações abertas, livres e homoafetivas, além de aborto, trabalho e família. “Assim como é a vida real”, diz Tatiana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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