O futuro econômico e social do País não será nada fácil.

Não bastasse a tragédia causada pela Covid-19, que nos levou mais de 600 mil brasileiros, ainda temos pela frente uma das mais devastadoras crises na economia das últimas décadas. Seus efeitos ainda se farão sentir por muitos meses.

Na Educação, teremos que lidar com uma geração de pequenos brasileiros obrigados a assistir aulas on-line, com uma performance comprovadamente abaixo da esperada nas aulas presenciais.

Ainda na saúde, teremos que enfrentar as sequelas da Covid entre aqueles que tiveram a sorte de sobreviver.
Ou seja, o futuro do País não será fácil.

E como todos sabem, nas crises não há nada melhor do que um belo bordão, para unir a Nação.

Um bordão apela para os sentimentos mais viscerais de um povo, sem necessariamente ter qualquer relação com a realidade.

Se você duvida, pense no “Ordem e Progresso” da nossa bandeira.

Não me ocorre frase que tenha menos relação com o Brasil e o brasileiro do que essa. No entanto está lá, em nosso símbolo maior, nos enchendo de orgulho quando tremula ao vento, como se fossemos realmente ordeiros e progressistas.

Ao longo de nossa história tivemos dezenas deles.

Boa parte completamente desconectados de nosso cotidiano, mas que serviram ao que se propõe: nublar a realidade e nos ajudar a superar dificuldades com alguma altivez.

Vejamos outro deles, esse da década de 50: “O petróleo é nosso” Só seria verdadeiro, até hoje, se completássemos com “E o preço é deles”, mas o que importa não é a veracidade e sim o imaginário onde atua o bordão e a união que surge entre a população, mesmo quando acabam por ironizar a frase em questão.

É o caso de “Brasil, ame-o ou deixe-o”, o bordão cunhado pelo ultranacionalismo da ditadura dos anos 70.

A resposta veio instantânea, pelos setores mais bem humorados da resistência: “O último a sair apague a luz”.

Natural, afinal sempre existiu, misturado ao nosso patriotismo, esse lado anti-herói.

É esperado que, por aqui, o ufanismo esteja sempre misturado a certa ironia.

Nossos heróis, sempre macunaímicos, são infames mais do que invencíveis.

Menos os militares.

Estes, por obrigação de ofício, precisam se levar a sério.

Têm o dever de transmitir segurança e infalibilidade à população.

Para seu azar, com seus parcos recursos, não enganam ninguém e o resultado aparece em situações como o medíocre desfile de blindados queimando óleo do mês passado.

Não satisfeito, o governo Bolsonaro expôs outro lado ainda mais triste deste estado de coisas: a limitação intelectual de parte do oficialato nacional.

Bolsonaro escolheu a dedo os militares que o cercam.

E como nenhum pode ser mais brilhante do que o mandatário, deu no que deu.

Assim, chegamos a essa grave situação.

Um País em crise, desacreditado interna e externamente.

Precisamos de um bordão com urgência.

Um bordão que resgate nosso amor próprio e eleve nossos valores, recolocando as Forças Armadas em um lugar de destaque.

Uma frase de efeito é o primeiro passo para sairmos da crise em que nos metemos

Para isso, é fundamental que o governo Bolsonaro deixe de lado esse seu slogan de campanha que não quer dizer nada.

Esse do acima de tudo, em cima de sei lá o que.

Precisamos de um bordão de verdade.

Sugiro um concurso nacional em uma votação aos moldes da Sapucaí.

Um simples evento que já faria maravilhas pela autoestima nacional.

Já pensou? Kleber Machado narrando, ao vivo, as notas de cada finalista?

Vamos exigir ao menos isso deste governo.

E deixo aqui minha humilde sugestão, combinando a diversidade natural, a sustentabilidade com o poderio das Forças Armadas:

“Brasil. Onde o verde é que manda.”

Fica a dica.