Homem mais rico da Argentina, o bilionário Alejandro Bulgheroni construiu sua fortuna a partir do petróleo, mas é na paixão pelo vinho que ele a usufrui. Dono de vinícolas nas princiapais regiões produtoras de seu país, dos Estados Unidos e da Europa, ele decidiu investir US$ 120 milhões no ambicioso projeto da Bodega Garzón, um complexo enoturístico a cerca de uma hora de Punta del Este e do badalado balneário Jose Ignácio, no Uruguai. Quem chega por lá se surpreende com a suntuosidade das instalações, valorizada pela arquitetura que combina pedra, vidro, concreto e madeira, além de um cuidadoso paisagismo com plantas ornamentais e espelhos d’água. Os vinhedos sobre os quais a construção oferece um belíssimo visual podem ser explorados em passeios de charrete, bicicleta e até de balão. Na vinícola propriamente dita, concebida com assessoria do toscano Alberto Antonini (ex-enólogo-chefe das casas Antinori e Frescobaldi, na Itália), a produção é comandada pelo chileno Germán Bruzzone. Seguindo inspiração de técnicas biodinâmicas, parte do vinho repousa em grandes ânforas revestidas de cimento, chamadas de tulipas. Elas dão uma elegância única ao lugar, cujo interior reserva esconderijos como uma saleta privativa destinada ao deleite de futuros investidores do projeto imobiliário que Bulgheroni pretende implementar em seus vinhedos, que ainda terá um hotel de luxo padrão seis estrelas.

Não por acaso, a imprensa internacional está apaixonada pela Bodega Garzón. Para a revista “Condé Nast Traveler”, trata-se da “última palavra em agroturismo high-tech”. O jornal “The New York Times” a listou entre os “lugares para visitar 2016”. A “Travel and Leisure” a descreveu como uma “deslumbrante vinícola em seu estado de arte”. Ainda que seja impossível discordar dos elogios, é ao degustar o que a Bodega Garzón oferece que o visitante se rende de vez aos encantos do lugar. Os vinhos de alta qualidade produzidos ali e os pratos que saem do restaurante comandado pelo chef argentino Francis Mallmann são memoráveis. Para iniciar os trabalhos, um wine bar serve drinques criados diariamente, alguns a partir de rótulos que não estão no mercado, caso do espumante exclusivo para o consumo interno.

Os vinhedos, as tulipas onde o vinho fermenta, o icônico rótulo Balasto e o restaurante assinado por Francis Mallmann: aporte milionário se traduz em bebidas de alto nível reconhecidas mundialmente

O cuidado com os vinhedos e a vinificação na Bodega Garzón já começa a chamar a atenção da crítica. Do Chile ao Japão, passando por Canadá, Inglaterra, Brasil e Estados Unidos, os vinhos engarrafados ali vêm merecendo prêmios e altas pontuações. Com 95 pontos pela prestigiada Decanter Winer Awards, dois vinhos Garzón foram aclamados como os melhores do certame: o Tannar Single Vineyard 2015 foi eleito melhor tinto varietal e o Albariño Reserve 2016 ficou com o prêmio de melhor branco sul-americano. Ambos amealharam medalhas de ouro também no Sakura Japan Women’s Wine Award 2017. As premiações comprovam que não é só com a potente uva tannat, tão bem adaptada ao solo e aos clima uruguaios, que o país elabora seus melhores vinhos.