A seca na Somália atingiu um nível sem precedentes e deixou um milhão de pessoas deslocadas, alertaram nesta quinta-feira (11) a ONU e o Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC).

Mais de 755.000 pessoas foram deslocadas internamente este ano na Somália devido à grave seca no Chifre da África, de acordo com o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) e o NRC.

Isso eleva o número total para 1 milhão de pessoas deslocadas desde janeiro de 2021, quando essa terrível seca começou.

As últimas quatro temporadas de chuvas desde o fim de 2020 foram insuficientes e atualmente 7,1 milhões de somalis, quase metade da população, passam fome, incluindo 213.000 que enfrentam uma situação muito crítica, segundo a ONU.

“Este marco de um milhão de pessoas deslocadas é um grande alerta”, disse o diretor do NRC para a Somália, Mohamed Abdi, em comunicado.

“A fome agora está assombrando todo o país. Estamos vendo mais e mais famílias forçadas a desistir de tudo porque literalmente não há água ou comida em suas aldeias. Há uma necessidade urgente de aumentar o financiamento para a ajuda antes que seja tarde demais”, acrescentou.

A Somália vive uma seca histórica há dois anos – uma situação que não era vista há mais de 40 anos, segundo as duas organizações.

Espera-se que o número de pessoas em situação de extrema insegurança alimentar aumente de cerca de 5 milhões para mais de 7 milhões nos próximos meses, situação agravada pelos efeitos das mudanças climáticas e aumento dos preços dos alimentos devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) informou na semana passada que a fome pode se instalar em oito regiões da Somália até setembro se as perdas de safras e a menor produção de gado continuarem e se generalizarem, se os preços das principais commodities continuarem a subir e se a ajuda humanitária não chegar aos mais vulneráveis.

“A situação na Somália já era uma das mais subfinanciadas antes desta última crise. Embora nós e nossos parceiros humanitários estejamos fazendo o que podemos para responder à situação, nossos recursos são simplesmente insuficientes”, observou o representante do ACNUR.

Em junho, o ACNUR anunciou que precisava de US$ 42,6 milhões para ajudar 1,5 milhão de deslocados internos, refugiados e membros de comunidades anfitriãs afetadas pela seca na Etiópia, Quênia e Somália.

Deste valor, US$ 9,5 milhões destinam-se a programas na Somália.