É bem provável que você já tenha ouvido falar dos Lençóis Maranhenses ou do Jalapão, mas dos milhares de hectares de cerrado nos municípios de Carolina, Riachão, Estreito e Imperatriz, no centro-sul do Maranhão, quase ali na divisa com Tocantins, talvez não. Florestas de buritizais, sertões, relevo de chapadas vermelhas, conjuntos de curiosas formações rochosas, cânions, cavernas e cachoeiras: Esse é o Parque Nacional Chapada das Mesas.

O paraíso das águas, como os locais chamam a região, foi criado porque grupos (chamados na época de ecoloucos) decidiram lutar solidamente para barrar a construção de duas hidrelétricas nas águas do Rio Farinha – um importante afluente do rio Tocantins. O processo de criação da unidade de conservação durou anos, mas foi finalmente aprovado em 2005, protegendo todos os 160 mil hectares da área total da região.

Fotos Flavia Vitorino

E ali existem quedas d’água de todas as formas. São 89 cachoeiras catalogadas e mais de 400 nascentes. Dos cenários mais paradisíacos que existem no Brasil, o poço azul e o encanto azul fazem parecer que ninguém mais esteve ali antes da sua chegada. A cor da água é tão azul quanto a piscina do melhor hotel que você já visitou. E no mesmo dia dá para se transportar para um cenário meio Jurassic Park na queda de 76 metros da cachoeira de Santa Bárbara, com acesso através de uma ponte pênsil para dentro de um cânion estreito, onde ela fica. 

A melhor forma de chegar ao Parque Nacional Chapada das Mesas é voando até a cidade de Imperatriz – MA, e dali dirigir por 300 quilômetros até Carolina, a cidade base para se hospedar e conhecer o Parque. O interessante é ter um carro (4×4) e um guia local para rodar toda área, voltando sempre para a cidade no fim do dia.

O município de Carolina tem pouco mais de 20 mil habitantes. Os carolinenses vêm se habituando aos poucos com a chegada de visitantes para a região, então não existem muitas opções de hospedagem como nas outras Chapadas, por exemplo. Mas uma boa opção é a Pousada dos Candeeiros, um casarão de campo do séc XIX, a 5 minutos a pé das margens do rio Tocantins, e a 4 km da entrada do parque. E é sentada nas cadeiras na beira da calçada da pousada que fazíamos uma roda de conversa entre guias e moradores para planejar os roteiros dos dias pela região. Muita coisa para se ver e tudo muito cênico.

Acordar às 5 da manhã para assistir o sol nascer na Pedra Furada, por exemplo, uma grande formação de estrutura natural no centro de um rochedo que fica bem no alto da região. Ou ir para a cachoeira da Prata, que tem quedas turbulentas com cerca de 18 metros de altura, e também a queda de São Romão, com 25 metros de altura, chegando até a formar piscinas naturais em águas tranquilas.

Divulgação

Vale também a ‘escalaminhada’ para Morro do Chapéu, com seu cume plano e vista eterna, e que te leva pra abraçar os 360 graus de todo o horizonte da região, já que ali é o ponto mais alto da Chapada. Local também onde os indígenas realizavam ritos das tribos locais. E para despedida: o pôr-do-sol no meio do rio Tocantins com a imagem da Chapada ao fundo.