Índices recentes dão conta de que 55,7% da população brasileira sofrem de obesidade. É injustificável, portanto, que unidades de saúde e hospitais não tenham macas específicas para pessoas obesas. Será que é uma perversa combinação de preconceito com o já conhecido descaso das autoridades em relação à saúde pública?

Em São Paulo, mais rico estado do País, Vitor Augusto Marcos, 25 anos de idade e 195 quilos de peso, atravessou o seu calvário de oito horas. Tudo ocorreu na capital paulista.

Vitor passou mal e, acompanhado por familiares, foi levado à UPA do bairro de Perus. Nela, os médicos constataram a necessidade de atendimento mais especializado e encaminharam-no, por meio da Central de Regulação de Ofertas de Serviço de Saúde, ao Hospital do Mandaqui – essa central é estadual e funciona para verificação do hospital mais próximo com disponibilidade de atendimento e maior adequação clínica ao caso em questão.

Os médicos acertaram no procedimento.

Agora vêm os absurdos, cujas responsabilidades não são dos profissionais da saúde, mas, isso sim, do Estado.

Por falta de maca para obesos (o que é crime do Estado, já que quase 56% da população apresentam algum grau de obesidade), Vitor teria sido transportado no chão da ambulância ao Hospital do Mandaqui.

Nesse local, segundo familiares, fora alegada falta de vaga. Mais uma vez sem atendimento, Vitor foi aos hospitais de Vila Nova Cachoeirinha e de Taipas.

Em ambos, sua mãe, que o acompanhava, teria ouvido que não havia condições de socorrê-lo devido à ausência de macas que resistissem ao seu peso. Ele acabou tendo parada cardiorrespiratória e morreu.

Não é culpa dos médicos, nem dos enfermeiros, nem de qualquer funcionário de uma unidade de saúde ou hospital se não há mascas adequadas ao transporte de pacientes. Repitamos, portanto: a responsabilidade é do Estado.