Há pouco mais de um ano, quando se apagaram as luzes do avião que levava a delegação da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana contra Atlético Nacional, na Colômbia, o sonho do clube catarinense de conquistar o maior título de sua história acabava antes mesmo dos 180 minutos que deveriam ser disputados. A queda da aeronave foi o mais grave acidente aéreo do mundo esportivo. Morreram setenta e uma pessoas, entre jogadores, comissão técnica, imprensa e tripulação. Seis sobreviveram, incluindo o lateral Alan Ruschel. Após o acidente, o desejo que o craque tinha de erguer a taça de campeão deu lugar a algo que até então era parte de seu dia a dia: andar. Apesar de sobreviver, ele ficou gravemente ferido: fraturou a 12ª vértebra da coluna, teve uma lesão na medula, além de fraturas nas costelas. “Quando eu fiquei sabendo o que tinha acontecido, eu pensava apenas em me recuperar. Se eu fosse voltar a jogar ou não, essa seria outra questão, mas eu nunca pensei em desistir do futebol”, disse o jogador à ISTOÉ.

“Agradeci a Deus por tudo que ele tinha me proporcionado, e dediquei a todos que não estavam mais presentes”

Do primeiro passo ao primeiro pontapé na bola foi tudo muito rápido, surpreendendo a médicos e torcedores de todos os times do Brasil que se solidarizaram com a Chapecoense. Quase nove meses após o acidente, Alan Ruschel voltou aos gramados e em grande estilo: em um amistoso contra o Barcelona, no Camp Nou. Se o time catalão venceu a partida, pouco importou. A goleada foi toda de Ruschel, ovacionado pela torcida e capitão da Chape no jogo. Já no segundo amistoso do clube na Europa, o lateral foi além: fez um gol contra a Roma. “Quando eu fiz o primeiro gol após ter me recuperado, eu só agradeci a Deus por tudo que ele tinha me proporcionado, e dediquei a todos que não estavam mais presentes, à minha família e esposa”, conta o jogador.

Titular 

O momento mais marcante para o jogador, no entanto, ocorreu quando ele ainda não sabia o que seria da carreira: a primeira partida em Chapecó após a queda do avião. E foi justamente, ali, ao pisar na Arena Condá sem os amigos que perdera no acidente, que o lateral voltou oficialmente a campo, numa partida contra o Flamengo. Dali em diante ele foi titular da equipe em vários jogos e garantiu com que clube conseguisse uma vaga na Sul-Americana no próximo ano, mesmo tendo de se reconstruir a partir de tão pouco: 30 jogadores tiveram de ser contratados às pressas para compor o elenco. Agora, com o fim do Brasileirão, o jogador, de 28 anos, espera estar ainda melhor para o ano que vem. “Pretendo jogar mais alguns anos em alto nível e, para isso, estou treinando duro”, afirma. Mais que um sobrevivente, Alan Ruschel é uma inspiração de que não se deve desistir antes do apito final.

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