Uma vez a cada quatro anos os Estados Unidos entram em cena para os dois maiores atos da política: as convenções dos partidos Republicano e Democrata.
Esse ano, eles ganham espaço em um clima tenso – marcado por uma onda de protestos em todo o país contra atitudes de policiais relacionadas ao racismo – seguido de um ciclo de primárias eleitorais particularmente agressivas.
A convenção Republicana irá acontecer entre os dias 18 e 21 de julho em Cleveland, enquanto a Democrata ocorrerá entre 25 e 28 de julho na Filadélfia.
Qual é a proposta desses comícios? O que acontece? Qual o papel que eles têm no confronto das eleições do dia 8 de novembro entre Hillary Clinton e Donald Trump? Segue o básico.
NOMEAÇÃO:
Os delegados do partido votam estado a estado para nomear oficialmente seu candidato para as eleições de 8 de novembro.
O processo leva horas e é pontuado por discursos. Os delegados votam de acordo com os resultados das primárias dos estados. A última delas ocorreu em junho.
Do lado Republicano, as forças anti-Trump fazem um grande esforço para evitar que seja nomeado – alterando as regras do partido para desvincular os delegados, permitindo-lhes votar com a “consciência”.
A convenção Democrata terá mais de 700 “super-delegados”, os pesos-pesados do partido que são oficialmente eleitos e têm o direito de votar como quiserem.
Por terem ganho a maioria dos delegados nas primárias, Trump e Hillary têm assegurado que cada um será o candidato de seu partido na eleição para a Casa Branca.
A convenção dos delegados também endossa os candidatos para a vice-presidência, selecionados pelos candidatos à Presidência e anunciados alguns dias antes de começar a convenção.
RATIFICANDO A PLATAFORMA:
A plataforma dos partidos, a declaração de princípios e políticas, será ratificada em suas respectivas convenções. O trabalho de montar o programa é feito antecipadamente, e geralmente não há muitas surpresas.
Apesar de a plataforma dos democratas estar essencialmente finalizada, detalhes da plataforma republicana ainda estão sendo ajustados apenas alguns dias antes do início da convenção.
HORA DO SHOW:
A festa política ocorre em meio a muitos balões e confetes, roupas atraentes e propagandas excêntricas apoiando cada candidato. Desde a década de 1980, as convenções são previsivelmente coreografadas e feitas para a televisão. Desta vez, eles têm a certeza de que será documentado ao vivo nas redes sociais.
DISCURSO:
Os oradores normalmente representam uma mistura entre veteranos e novatos do partido. Para conquistar os delegados mais céticos, Trump tem aproveitado a presença de sua esposa, Melania, suas filhas Ivanka e Tiffany, e a de seu filho, Donald Trump Jr.
O momento mais cobiçado é o do discurso inaugural, que os partidos normalmente destinam para suas estrelas.
O discurso inicial de Barack Obama na convenção democrata em 2004 colocou-o na mente do público americano, fazendo com que ganhasse espaço na disputa à Casa Branca apenas quatro anos depois.
O candidato presidencial recém-nomeado é geralmente o último a discursar, mas Trump declarou que esse formato tradicional é “chato” e pode mudar algumas coisas.
SURPRESAS:
A convenção republicana deste ano está mais suscetível à quebra de script de várias maneiras, com um Trump inflamado caso não consiga ganhar o apoio dos delegados do partido. Além disso, milhares de manifestantes são esperados em Cleveland.
A desunião causada por Trump tem retirado alguns dos republicanos pesos-pesados como os ex-presidentes Bush e os ex-candidatos à presidência Mitt Romney e John McCain.
Mas se tem algo que Trump conhece bem é a realidade da TV, após seus anos de estrela à frente de “O Aprendiz”.
A convenção Democrata deverá seguir um formato mais previsível, especialmente após Bernie Sanders ter endossado sua adversária Hillary Clinton no início dessa semana.
OPORTUNIDADE:
As convenções são a chance de os partidos mostrarem sua unidade após o acalorado ciclo das primárias, e para entusiasmar os eleitores com os dois candidatos que estão deixando a desejar em termos de popularidade.
Os eventos são “o momento para o partido se mostrar ao público americano, ao tentar aumentar o apoio para o partido, para a nomeação e para tentar fazer com o que o país conheça o que eles estão fazendo – não apenas a nível presidencial, mas também no nível de senadores, importante este ano, além do país, estados e cidades”, disse Jeanne Zaino, uma professora de Ciências Políticas no Iona College, em Nova York.
Normalmente os candidatos marcam uma “volta por cima” nas pesquisas após a convenção.
OUTROS ACONTECIMENTOS:
Centenas de manifestantes são esperados em Cleveland, incluindo grupos de representantes das mais variadas causas, como a desnuclearização e o “poder negro”. Os campos anti e pró-Trump provavelmente se enfrentarão. Complicando o trabalho da polícia, alguns dos que estarão protestando indicaram que deverão carregar armas de fogo abertamente, como permitido pela lei de Ohio.
Na Filadélfia, estão previstos protestos dos apoiadores de Sanders.