O socialista Pedro Sánchez anunciou um gabinete de continuidade e com mais poder para seus colaboradores mais próximos em seu novo mandato na Espanha, que enfrentará uma oposição dura e um país dividido pela anistia aos independentistas da Catalunha.

Reelegido pelo Congresso na quinta-feira passada, Sánchez optou por uma equipe de governo “sólida, para oferecer segurança em um país, em uma Europa, em um mundo agitados por grandes transformações e desafios”, destacou o chefe do Executivo no Palácio de Moncloa.

São pessoas indicadas “para uma legislatura de alto perfil político, pessoas com capacidade de gestão, mas também de alcançar acordos e de explicá-los publicamente”, acrescentou o líder socialista de 51 anos, que está no poder desde 2018.

Depois de ficar em segundo lugar nas eleições gerais de julho, atrás do rival conservador Alberto Núñez Feijóo, sem que nenhum deles conquistasse maioria absoluta, Sánchez precisou do apoio de vários partidos regionais, incluindo os independentistas catalães, para garantir a reeleição.

Em troca de seu apoio imprescindível, o movimento de independência catalão obteve a promessa de aprovação em breve de uma lei de anistia para seus líderes e ativistas processados por envolvimento na tentativa de secessão da Catalunha em 2017.

A medida provocou uma profunda divisão no país, com várias manifestações nos últimos dias. No sábado, 170.000 pessoas se reuniram em Madri para protestar contra a anistia.

O Partido Popular (PP) de Feijóo acusou Sánchez de permanecer no poder “vendendo a Espanha” aos independentistas.

Em um cenário complexo, Sánchez optou por manter os ministros mais importantes e atribuir mais poderes aos colaboradores mais próximos no gabinete de 22 nomes, com 12 pastas comandadas por mulheres.

Dos 22 ministros, 17 pertencem ao Partido Socialista e cinco ao Sumar, uma plataforma de esquerda radical liderada pela comunista Yolanda Díaz, que permanecerá à frente do Ministério Trabalho.

Entre as figuras de maior influência no Executivo que conservaram suas pastas estão o ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, a ministra da Transição Ecológica, Teresa Ribera, a da Defesa, Margarita Robles, e o titular do Interior, Fernando Grande-Marlaska.

A ministra da Economia e vice-presidente do governo, Nadia Calviño, também continua no cargo, enquanto aguarda a decisão, em dezembro, sobre a presidência do Banco Europeu de Investimentos (BEI), à qual ela é candidata.

O ministro da Presidência, Félix Bolaños, considerado o braço direito de Sánchez e um dos protagonistas das negociações com os partidos independentistas, também assumirá a pasta da Justiça.

A ministra da Fazenda, María Jesús Montero, também próxima de Sánchez, foi promovida e assume uma das quatro vice-presidências do Executivo.

Entre os novos rostos estão pessoas ligadas a Yolanda Díaz, como Ernest Urtasun, que assumirá a pasta da Cultura, e Mónica García, nova ministra da Saúde.

Ao contrário do gabinete anterior, o novo governo não terá nenhum ministro do Podemos, o partido de esquerda radical com o qual Sánchez governou em coalizão de 2020 até agora, sempre com muitas divergências.

vab-du/mg/an/fp/aa