Fazer uma busca no Google procurando a frase “Bolsonaro passou dos limites” expõe como resultado 2.830 links. Suas ações motivaram essa declaração desde 2019, primeiro ano de seu mandato. Estava incluída em inúmeros textos, desde editoriais da imprensa a entrevistas de Rodrigo Maia, Guilherme Boulos e até do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Em 9 de abril de 2021, a frase ganhou formalidade numa nota dos ministros do STF, emitida após críticas grosseiras do então presidente contra Luís Roberto Barroso.

Menos de dois anos depois, já fora da Presidência, Bolsonaro ainda desafia os limites da decência. Com pedidos de impeachment que nunca saíram das gavetas dos comandantes do Congresso, ele foi aprimorando a aparelhagem das forças de segurança, aumentando o apoio de parlamentares da mesma laia e sentindo-se cada vez mais impune. Não há desvario em seu comportamento. É uma sucessão de ataques articulados contra tudo o que parecer fora de seu mundo imaginário de retrocesso e imoralidade.

O genocídio deflagrado contra os Yanomamis é organizado, caminhou por várias frentes, com diferentes executores, como os então ministros Ricardo Salles, Damares Alves, Sergio Moro e Alberto Heleno, e o governador de Roraima, Antonio Denarium. Cada um teve sua agenda de movimentações em favor do garimpo ilegal , cumpridas a pedido do chefe.

Aqueles que chamaram Bolsonaro de genocida por ele ter facilitado de várias maneiras o aumento do número de vítimas da pandemia de Covid-19 agora se mostram como os mais espertos observadores, já estavam vendo o que muita gente demorou para aceitar e agora, diante o assassinato de Yanomamis, fica impossível negar. A reportagem de ISTOÉ publicada na edição que está nas bancas, com o título “Bolsonaro não quer voltar”, mostra que o próprio ex-presidente já percebeu que a temporada de negar o genocídio acabou.