Ele é discreto, avesso a holofotes, mas dá nó em pingo d’água nos bastidores. Esse é o senador Ciro Nogueira (PP-PI), de 48 anos, presidente nacional do PP, que tem em suas fileiras deputados como Paulo Maluf. Nogueira é tão atuante nos corredores palacianos que, apesar de ser presidente nacional de um partido pequeno, controla dois ministérios: o da Saúde (deputado Ricardo Barros) e o da Agricultura (senador Blairo Maggi). Seu principal afilhado político, no entanto, é o presidente da Caixa, Gilberto Occhi.

Agora, o parlamentar do Piauí terá de se explicar. Ele é alvo das gravações do empresário Joesley Batista, dono da JBS, como um dos que recebia dinheiro sujo da empresa.

Ciro Nogueira foi gravado na conversa entre Joesley e Ricardo Saud, diretor da J&F, que controla a JBS, no dia 17 de março, dez dias depois do empresário ter gravado o presidente da República, Michel Temer, no Palácio do Jaburu. Joesley e Saud conversavam e não sabiam que estavam se autogravando. Nessa gravação, identificada no arquivo “Piauí Ricardo 3170320/17.wav” (Piauí se refere ao Estado de origem do senador Nogueira), os dois executivos da JBS revelam que Ciro Nogueira recebeu propina de R$ 500 mil, além de dinheiro de caixa dois para a campanha de 2016. A PF ainda não abriu inquérito contra o senador pepebista, apesar de também ter as gravações em seu poder.

De qualquer forma, a gravação envolvendo Ciro Nogueira foi parar nas mãos do ex-procurador-geral Ricardo Janot, que pediu investigação sobre o teor da conversa dos executivos da JBS. O ex-procurador solicitou também a rescisão do acordo de delação dos empresários, considerando que o que eles falavam nessa segunda fita secreta, representava omissão de informações e novos crimes cometidos pelos empresários. Ciro que se cuide.