Enquanto governo e oposição viraram a madrugada em busca de votos a favor e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a noite de sábado do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, terminou em pizza.

Moro foi jantar com a família na pizzaria Bresser, em Curitiba, uma das mais movimentadas da cidade. Ao se levantar da mesa para deixar o restaurante, por volta das 22h30 do sábado, foi aclamado pelos clientes. Agradeceu e deixou o local acompanhado de seguranças que o esperavam do lado de fora. Com o avanço das investigações da Lava Jato, Moro foi obrigado a aceitar a escolta.

As descobertas da Lava Jato que atingem a presidente Dilma Rousseff, sua campanha à reeleição em 2014 e integrantes do alto escalão do seu governo não estão incluídas no processo de impeachment em discussão na Câmara dos Deputados. Vários fatos surgiram durante a elaboração do relatório que pede a cassação do mandato da petista e considerou-se que incluí-los poderia provocar a politização do processo. O que está em discussão na votação deste domingo são as chamadas pedaladas fiscais e a liberação de créditos suplementares sem aprovação do Congresso.

Entre os fatos que não entraram no pedido de impeachment está a delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS). Ex-líder do governo, ele acusou Dilma de interferir no Judiciário para tentar barrar as investigações do esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Segundo Delcídio, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Marcelo Navarro, foi nomeado após ter se comprometido a votar pela soltura de empreiteiros presos Lava Jato. Na delação, o senador também afirma que Dilma sabia do superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Na época, a petista era presidente do Conselho de Administração da Petrobras e de voto favorável ao negócio que provocou prejuízo bilionário à petroleira.

O processo de impeachment também não inclui outro fato que pode atingir a presidente. A Lava Jato interceptou uma conversa telefônica na qual ela informa ao ex-presidente Lula que lhe enviaria o termo de posse de ministro da Casa Civil para que Lula usasse em caso de necessidade. “Seguinte, eu tô mandando o ‘Messias’ junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!”, disse Dilma.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estuda se pede abertura de investigação contra a petista para apurar se ela tentou tumultuar as investigações nesse caso. Delatores da Lava Jato também já disseram que as campanhas de Dilma em 2010 e 2014 receberam dinheiro de esquema de corrupção na Petrobras. O caso esta em análise no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode resultar na cassação da chama Dilma e Michel Temer (PMDB).