Em um pronunciamento pleno de contradições, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na semana passada o corte temporário da verba que seu país destina à Organização Mundial da Saúde (OMS) — valor que oscila anualmente entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões. Os EUA são, tragicamente, a nação com maior número de mortos pelo novo coronavírus: cerca de trinta mil pessoas até a quarta-feira 15. Trump alega que a OMS “falhou em seus deveres básicos”. Ocorre, no entanto, que o órgão ligado à ONU sempre determinou que os países afetados fixassem o quanto antes o distanciamento social. Quem se colocou contrário a isso foi justamente Trump, que só tomou tal providência quando se chegou à casa de dez mil falecimentos causados pelo vírus. Mais: Trump diz que a OMS foi “excessivamente cautelosa” com a China no início da pandemia, lembrando que o governo chinês dá à organização “somente US$ 40 milhões”. Ao mesmo tempo em que acusa a OMS, ele quer que os EUA retomem as atividades a partir de maio, abrandando já a quarentena, antes de dois meses sequer de duração. O governador do estado de Nova York (o mais afetado), Andrew Cuomo, declarou que não cumprirá ordens da Casa Branca para a retomada da vida normal antes de certificar-se de que os piores momentos da crise já passaram. Cientistas, governos rivais e até aliados dos EUA criticaram duramente Trump.

Eduardo erra

Reprodução Twitter

Eduardo Bolsonaro, filho do presidente do Brasil, nada tem a ver com a decisão de Trump de suspender a ajuda financeira à OMS. Mas fez questão de usar as redes sociais para cumprimentá-lo. E errou feio: disse que os EUA contribuem com R$ 40 milhões. Diminuiu a verba, assim, em dez vezes.

US$ 30 milhões é quanto os  produtores recebem  mensalmente  na Holanda com  a exportação  de flores. Isso  antes do vírus

NEGÓCIOS
A queima das tulipas

Há cento e dez anos a fazenda holandesa JUB Holland produz as mais lindas e desejadas tulipas que existem na Terra. Atualmente o seu lado empresarial é dirigido pelo agricultor Frank Uittenbogaard. Devido à paralisação dos negócios por causa do novo coronavírus, quatrocentos milhões de flores, dentre elas cento e quarenta milhões de tulipas, foram destruídas somente em abril. As flores da Holanda são exportadas praticamente para todos os países — só que o mundo está em quarentena com o comércio fechado. Em tempos normais, os produtores recebem em exportações cerca de US$ 30 milhões diariamente. A queima das tulipas foi definida por Frank em duas

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Memória
O adeus à “Grande Arte” de Rubem Fonseca

Nada de tiros ou facadas: o escritor Rubem Fonseca, mestre do romance policial brasileiro, morreu após sofrer um infarto na quarta-feira 15, aos 94 anos. Fonseca transformou em literatura a linguagem coloquial e urbana do Rio de Janeiro — foi um autor “noir” com sotaque carioca. Era mineiro mas morou no Rio desde a infância. A experiência como comissário de polícia na vida real o levou a conhecer como ninguém os detalhes sórdidos do mundo sobre o qual escrevia. Suas obras foram adaptadas para a TV (“Agosto”, “Mandrake”) e para o cinema (“A Grande Arte”, “Buffo & Spallanzani”). Ganhou prêmios como o Camões (2003) e o Machado de Assis (2015). Luiz Alfredo Garcia-Roza, outro autor de romances policiais, também morreu essa semana, na quinta-feira 16, aos 84 anos, após sofrer um AVC.

MEDICINA
Aguenta coração

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A exemplo do que ocorre nos EUA e países europeus, também no Brasil, infelizmente, atendimentos médicos cardiológicos
de emergência foram drasticamente reduzidos diante da pandemia viral. Infartos e anginas instáveis são as doenças do coração que mais estão sendo afetadas. Os procedimentos de angioplastias primárias (desobstrução arterial e colocação de stent) não puderam ser realizados em pelo menos 70% dos casos em todo o País. O mesmo índice é apresentado por infartados. Já chega a
50% a taxa de falecimentos por infarto — se o novo coronavírus deixasse um espaço, tal indicador cairia para 5%. Registra-se, igualmente, profunda queda nos exames de eletrocardiograma.

PANDEMIA
Witzel e Barbalho testam positivo

Até a quarta-feira 15, dois governadores testaram positivo para coronavírus: Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, e Hélder Barbalho, do Pará. Ambos informaram o resultado de seus exames pelas redes sociais. Witzel havia cinco dias que não vinha se sentindo bem de saúde. Defesor do distanciamento social, tomava todas as precauções nas coletivas de imprensa mas seus assessores direitos despachavam próximos a ele – e aí, ninguém, nem o governador, respeitava as regras de minimização de risco de contágio. Agora, com todas as restrições, ele pretende seguir trabalhando no Palácio das Laranjeiras, sede e residência oficial do governo. Barbalho está assintomático e também planeja seguir trabalhando. Ambos reforçaram o pedido para que a população fique em casa.

Personagens
O vírus perde para as mulheres

Divulgação

Países com governos liderados por mulheres vão bem na luta contra a pandemia. Olhe-se para a Alemanha
e sua primeira-ministra, Angela Merkel. Não deixou que faltassem testes, ofereceu milhares de leitos em UTIS (mais que França, Espanha e Itália somadas). Taxa de mortalidade: 1,6%. Olhe-se também para a Nova Zelândia, comandada por Jacinda Ardern (ao lado). Ainda que se tenha de levar em conta a diminuta população dessa nação (somente cinco milhões de habitantes), ocorreu apenas um óbito decorrente do vírus.

 


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