Centenas de separatistas catalães se juntaram nesta quarta-feira aos redores do estádio Camp Nou, cenário do clássico espanhol entre Barcelona e Real Madrid, que jogarão pela liderança da Liga.

Apesar do bloqueio de algumas ruas que levam ao estádio, a calma reinava nos diferentes focos da manifestação, cujos organizadores garantiram não ter a intenção de adiar ou atrasar a partida.

“Queremos que seja visto no mundo todo, especialmente na Europa, (…) que a Espanha não quer dialogar ou escutar” as reivindicações dos independentistas, declarou à AFP Coaner Peremiquel, uma estudante de 20 anos que participava do protesto em frente ao Camp Nou.

Para evitar incidentes ou até uma possível suspensão da partida, a polícia mobilizou um efetivo de mais de 3.000 homens, reforçou os controles de acesso e isolou a rua entre o estádio e o hotel onde as delegações de Barcelona e Real Madrid estão concentradas.

Os dois gigantes do futebol espanhol duelam quase dois meses após a data inicialmente prevista, 26 de outubro, quando protestos e confrontos violentos em Barcelona contra a prisão de nove dirigentes separatistas catalães obrigaram o adiamento do clássico “por circunstâncias excepcionais”.

– Um Tsunami independentista –

Contudo, o atraso na realização da partida não desanimou a misteriosa plataforma independentista Tsunami Democrático, que espera usar o clássico, um evento com audiência estimada em 650 milhões de espectadores no mundo, para dar visibilidade a suas reivindicações.

A plataforma já realizou ações de peso, como a paralisação parcial do aeroporto de Barcelona ou o bloqueio em novembro durante dois dias da principal autoestrada que une a Espanha à França.

Agora, o Tsunami quer realizar uma ação visível “nas arquibancadas e no campo de jogo” com seu slogan “Spain, sit and talk” (Espanha, senta e conversa), um chamado ao diálogo entre o governo de Madri e as autoridades regionais catalães.

Como pretendem realizar estas ações ainda é uma incógnita. A plataforma afirmou que não quer suspender o jogo novamente ou impedir a chegada das equipes ao estádio, mas marcou encontro com seus militantes nos arredores do Camp Nou horas antes do clássico.

O jornal local La Vanguardia afirma que a ação consistirá em lançar sobre o campo bolas infláveis para denunciar o uso de balas de borracha pela polícia durante os protestos de outubro.

“Isso não havia sido planejado, mas nos parece ser uma boa ideia. Atenção: que todo mundo leve bolas infláveis para o jogo”, escreveu a plataforma em suas redes sociais.

O Barça pediu aos torcedores que cheguem pelo menos uma hora e meia antes do jogo ao estádio.

“Estamos organizando o jogo sob o princípio de normalidade e convicção de que esta partida será disputada. É compatível a organização de um grande espetáculo com a reivindicação cívica no estádio”, afirmou na terça-feira o porta-voz do Barça, Josep Vives.

– Jogo parelho –

Como medida excepcional, as duas equipes estão concentradas no mesmo hotel, nos arredores do Camp Nou, de onde sairão juntas rumo ao estádio duas horas antes do jogo.

“Disseram que temos que sair juntos e vamos sair juntos, e ponto final”, afirmou na terça-feira o técnico do Real Madrid, Zinedine Zidane.

No Camp Nou, Barcelona e Real Madrid disputam a liderança do Campeonato Espanhol, que ambos lideram empatados em pontos (35 pontos).

“Estamos empatados em todos os sentidos. Comparando com outros jogos que jogamos aqui, desta vez não há tanta diferença”, declarou na terça-feira o técnico do Barcelona, Ernesto Valverde.

As duas equipes chegam ao duelo atravessando ótimas fases na temporada, no topo do Campeonato Espanhol, classificados para as oitavas de final da Liga dos Campeões e com ataques afiados, liderados por Karim Benzema e Lionel Messi.

O francês e o astro argentino lideram a artilharia do Campeonato Espanhol com 12 gols cada antes de seu encontro no gramado do Camp Nou.

O rendimento de Benzema e Messi será crucial para decidir três pontos de ouro antes da última rodada do Campeonato Espanhol em 2019, neste fim de semana.

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