Humphrey Bogart declarou que “a humanidade está sempre com três doses de uísque a menos”. Segundo o ator, teríamos menos problemas se os líderes mundiais bebessem um pouco mais. O psiquiatra norueguês Finn Skarderud tem uma teoria parecida: a receita para a felicidade é o acréscimo de 0,05% na quantidade de álcool no sangue. A colocação dessa tese em prática é o tema de “Druk – Mais uma Rodada”, filme norueguês dirigido por Thomas Vinterberg. Concorrendo a duas categorias no Oscar (Diretor e Filme em Língua Estrangeira), a produção já venceu quatro prêmios no European Film Awards, incluindo Filme, Diretor, Ator (Mads Mikkelsen) e Roteiro, de Vinterberg e Tobias Lindholm. O trio já havia trabalhado junto em “A Caça” (2012).

“O filme é mais que uma história sobre bebida. Tornou-se uma reafirmação da vida” Thomas Vinterberg, diretor (Crédito:Divulgação)

A trama é simples: quatro professores decidem avaliar os resultados da teoria de Skarderud e passam a ingerir quantidades controladas de álcool. A prática deixa a vida mais leve, ficam mais amigáveis e extrovertidos — até as relações profissionais parecem fluir melhor. O problema é que a felicidade dura pouco e logo já não conseguem ficar restritos às doses previstas. Resultado? O caos toma conta de tudo.

Thomas Vinterberg chamou a atenção em 1998 com “Festa de Família”, primeiro filme do “Dogma-95”, movimento que criou com o colega Lars von Trier. Segundo um manifesto com regras bem definidas, os diretores defendiam a valorização da história, atuações e temas simples, rejeitando o uso de efeitos especiais e recursos tecnológicos. Era um contraponto crítico à Hollywood — a ironia é que a indústria americana o premiou com indicações ao Oscar.

Tragédia

Em meio às filmagens, Vinterberg sofreu um drama pessoal: sua filha Ida, atriz de 19 anos, morreu vítima de um acidente de carro. O diretor cogitou cancelar a produção, mas preferiu mantê-la e dedicá-la a Ida. “Prometemos que o filme seria mais que uma história sobre bebida”, afirmou ele. “Passou a ser uma reafirmação da vida.”