Um ano de regime talibã no Afeganistão

Um ano de regime talibã no Afeganistão

Os talibãs voltaram ao poder há um ano, quando as forças lideradas pelos Estados Unidos se retiraram do país, duas décadas depois de depor o regime fundamentalista islâmico, acusado de acobertar a Al-Qaeda, responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2011.

A seguir, os principais acontecimentos ocorridos nos últimos 12 meses no Afeganistão:

– Talibãs tomam Cabul –

À medida que os Estados Unidos e seus aliados começam a retirar suas forças do Afeganistão, o Talibã lança uma ofensiva final para retomar o controle do país que governou de 1996 a 2001.

Em agosto, os islamitas aceleram sua campanha, tomando uma série de cidades em uma ofensiva de 10 dias em todo o país que culmina com a queda da capital, Cabul, em 15 de agosto de 2021.

O presidente Ashraf Ghani foge para Abu Dhabi e admite que “o Talibã venceu”.

Milhares de afegãos e estrangeiros aterrorizados correm para o aeroporto de Cabul para pegar os últimos voos de saída.

Washington congela cerca de US$ 7 bilhões em reservas afegãs em bancos americanos e doadores suspendem ou reduzem drasticamente sua ajuda ao país.

– EUA completa saída caótica –

O caos reina no aeroporto, onde várias pessoas morrem esmagadas tentando chegar à pista em meio à evacuação apressada das forças internacionais com cidadãos de seus países e colaboradores afegãos.

Em 26 de agosto, um homem-bomba detona os explosivos no meio da multidão, matando mais de 100, incluindo 13 soldados americanos.

A ação é reivindicada pelo ramo do grupo Estado Islâmico no Afeganistão e Paquistão, um rival do Talibã.

Quatro dias depois, o Talibã comemora a saída das últimas tropas americanas e aliadas do país em 30 de agosto.

– Volta da polícia religiosa –

Embora o Talibã afirme ter deixado para trás seus métodos repressivos, os sinais não são animadores.

Um novo governo interino é apresentado em setembro com personalidades conhecidas por sua linha-dura em todos os cargos e sem mulheres.

O Talibã também restabelece o Ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício para impor sua interpretação austera do Islã.

As ações provocam protestos em Cabul e Herat, onde duas pessoas são mortas a tiros.

– EI ataca mesquitas xiitas –

Em outubro, explosões atingem uma mesquita xiita em Kandahar durante as orações de sexta-feira, matando 60 pessoas no ataque mais mortal desde a partida das forças estrangeiras.

O ataque, reivindicado pela facção afegã do EI, ocorre uma semana depois de outro atentado suicida em outra mesquita xiita na cidade de Kunduz, no norte, que deixou dezenas de mortos e também foi reivindicado pelos jihadistas.

– Discussões em Oslo –

Sem ajuda, o Afeganistão afunda em uma profunda crise econômica e humanitária.

A Noruega convida o Talibã para conversar em Oslo com membros da sociedade civil afegã e diplomatas ocidentais.

Uma delegação do Talibã, composta apenas por homens, viaja para o encontro onde autoridades dos Estados Unidos e da Europa estudam a possibilidade de prestar ajuda diretamente ao povo afegão.

– Meninas vetadas das escolas –

Em março, o Talibã impede que as meninas retornem ao ensino médio após a reabertura das escolas.

Os fundamentalistas islâmicos ordenam que os funcionários do governo deixem a barba crescer.

– Mulheres devem se cobrir –

Em maio, mulheres e meninas são obrigadas a usar o hijab e cobrir o rosto em público; a polícia religiosa diz que prefere que as mulheres fiquem em casa.

A medida afeta as apresentadoras de televisão, o que gera críticas internacionais.

As mulheres também são proibidas de fazer viagens de longa distância sem um acompanhante masculino e são impedidas de muitos empregos públicos.

– Terremoto –

Mais de mil pessoas morrem e milhares ficam desabrigadas quando um terremoto sacode a fronteira afegã com o Paquistão em 22 de junho.

O desastre representa um enorme desafio logístico para o governo talibã, que não é formalmente reconhecido por nenhum país.

Agências de ajuda internacional vêm em socorro com alimentos, tendas e suprimentos médicos.

– Líder da Al-Qaeda morto em ataque dos EUA –

Em 2 de agosto, o presidente americano, Joe Biden, anuncia a morte do líder da Al-Qaeda Ayman al-Zawahiri, suposto mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001, em uma operação com drone em seu esconderijo em Cabul.

O Talibã condena o ataque, mas não confirma a morte de Zawahiri.