Doze meses após a pandemia do novo coronavírus interromper os esportes americanos, ligas e circuitos profissionais estão lentamente se movendo em direção à normalidade, tentando absorver um golpe financeiro de bilhões de dólares. Tudo começou no dia 11 de março de 2020, quando a NBA sacudiu o mundo dos esportes ao suspender abruptamente a temporada depois de confirmar o primeiro contágio de um jogador. A decisão desencadeou um efeito dominó e poucas horas depois beisebol, futebol, golfe, hóquei no gelo e outros esportes seguiram o exemplo, suspendendo suas temporadas ou cancelando torneios.

Agora, o cenário é bem diferente. O Texas Rangers, por exemplo, vai se tornar a primeira equipe esportiva profissional dos Estados Unidos a permitir ocupação máxima no seu estádio desde o surgimento da pandemia de covid-19. O clube de beisebol anunciou os seus planos de venda de ingressos na esteira da ordem do governador do Texas, Greg Abbott, de reabrir totalmente o Estado.

“Os Rangers estão animados porque o Gabinete do Governador nos deu autorização para abrir totalmente o Globe Life Field no início da temporada de 2021 da Major League Baseball”, disse o CEO dos Rangers, Neil Leibman, em um comunicado. O estádio vai operar com 100% de sua capacidade para os jogos de exibição contra os Milwaukee Brewers nos dias 29 e 30 de março, e o duelo no dia de abertura da temporada regular contra o Toronto Blue Jays no dia 5 de abril.

O Globe Life Field, com 40.300 lugares, sediou a World Series do ano passado entre o campeão Los Angeles Dodgers e o Tampa Bay Rays, permitindo uma entrada limitada de cerca de 11.400 espectadores por jogo. Agora, todos os fãs que comparecerem aos jogos contra os Brewers e os Blue Jays serão obrigados a usar máscaras, exceto para comer e beber. Os EUA já registraram 530 mil mortes pela doença. O presidente Joe Biden admite que a partir de 1.º de maio todos os adultos do país deverão começar a ser vacinados.

FINANÇAS – Em meio à pandemia, a NBA registrou uma queda estimada de US$ 1,2 bilhão em receita na temporada passada. A previsão é perder outros US$ 4 bilhões na atual temporada, na qual também teve de cortar dez jogos por equipe para se ajustar às datas.

A Liga Principal de Beisebol também sofreu um grande abalo financeiro e um conflito salarial com a Associação de Jogadores, mas encontrou um caminho para retornar ao calendário tradicional este ano. Enquanto na temporada passada o programa foi cortado de 162 para 60 jogos para disputar a World Series em outubro, a Major League está projetando sua programação completa a partir de 1.º de abril.

Para Zach Binney, epidemiologista do Oxford College da Emory University em Atlanta, os esportes americanos “fizeram coisas realmente boas” para proteger o retorno da competição. “A NBA, a Major League Baseball e a NFL encontraram várias maneiras de recuperar os esportes sem ter muitos casos (de covid-19) entre seus jogadores e equipe”, disse Binney.

Outros aspectos do cenário esportivo dos Estados Unidos também foram afetados durante a pandemia. As taxas de audiência da televisão caíram drasticamente. A audiência das finais da NBA despencou 51%, enquanto a da Stanley Cup, da NHL, caiu 61%. No caso do tênis, o Aberto dos Estados Unidos registrou queda de 45% e até mesmo o Super Bowl, da NFL, atraiu seu menor público desde 2006.

No esporte universitário, a redução de orçamentos causada pela pandemia levou à eliminação de mais de 350 programas esportivos, a grande maioria em modalidades olímpicas, incluindo atletismo, natação e vôlei.