A Operação Lava Jato está completando quatro anos, mas a Petrobrás, vítima de executivos desonestos, políticos corruptos e empreiteiros corruptores, ainda não parou de sangrar. Na quarta-feira 3, a empresa anunciou que firmou um acordo na Justiça de Nova York para pagar US$ 2,95 bilhões (R$ 9,6 bilhões) aos investidores que moviam ação coletiva alegando prejuízo gerado pelo pagamento sistêmico de propinas durante o governo do PT. Trata-se do maior acordo já feito por uma empresa estrangeira nos EUA. Mas a alternativa de levar o processo adiante era bem mais arriscada: se perdesse, a estatal teria de pagar indenização de US$ 10 bilhões (R$ 32 bilhões).

O acordo foi bem recebido pelo mercado financeiro, que já contava com uma penalidade mais grave. Em nota oficial, a própria Petrobras, que não se considera responsável pelas perdas dos acionistas, destacou que foi eliminado “o risco de um julgamento desfavorável”, o que “poderia causar efeitos materiais adversos à companhia e à sua situação financeira”. A estatal também informou que os US$ 2,95 bilhões serão lançados no balanço do quarto trimestre de 2017. A quantia será dividida em três parcelas, a serem pagas até janeiro de 2019.

Por mais que o acordo tenha evitado uma perda maior, o certo é que o valor supera em muito – mais de 6 vezes – a quantia que a Petrobras já conseguiu recuperar do total desviado nos esquemas de corrupção revelados pela Lava Jato. Até agora, a Justiça repôs aos seus cofres R$ 1,4 bilhão. Estima-se que a Lava Jato só recuperou 13% do que foi desviado. Mesmo assim, existe a expectativa de, ao fim dos processos, alcançar um ressarcimento de R$ 41 bilhões. Com esse objetivo, tramitam na Justiça brasileira 59 ações da estatal do petróleo contra pessoas físicas e jurídicas.

Redução de danos

Mesmo com o acordo de NY, é cedo para comemorar o fim da sangria. Correm contra a companhia ação penal no Departamento de Justiça dos EUA e ação cível na Securities and Exchande Comission (SEC), órgão que regula o mercado de capitais americano. A Petrobras, como se sabe, faz enorme esforço para olhar para frente. Mas superar o estrago imposto pela rede de corrupção montado pelos governos petistas não é tarefa de curto prazo. Demanda tempo, paciência e bons acordos na Justiça.

“A Petrobras não se considera responsável pelas perdas dos acionistas, mas o acordo elimina o risco de um julgamento desfavorável, o que poderia causar efeitos materiais adversos”
Nota da estatal ao confirmar o acordo na Justiça dos EUA