Os fiéis muçulmanos selecionados para o Hajj terminam, nesta terça-feira (28), a quarentena imposta antes de iniciarem sua peregrinação a Meca, restrita esse ano a um pequeno número de pessoas e com rigorosas medidas para impedir a propagação da COVID-19.
Entre 1.000 e 10.000 peregrinos residentes no reino participarão do Hajj que começa quarta-feira, uma pequena fração das 2,5 milhões de pessoas que realizaram o ritual no ano passado.
“Não temos preocupações de segurança este ano, e se trata de proteger os peregrinos dos perigos da pandemia”, disse o diretor de Segurança Pública, Khaled bin Qarar al-Harbi.
Os peregrinos foram submetidos a exames de saúde e colocados em quarentena quando chegaram a Meca neste fim de semana. Suas malas foram desinfetadas, de acordo com imagens da mídia oficial.
Alguns peregrinos disseram que receberam pulseiras eletrônicas para monitorar seus movimentos.
Equipes trabalham para limpar e desinfetar os arredores da Caaba, uma construção cúbica no coração da Grande Mesquita de Meca, para a qual os fiéis de todo mundo se voltam para orar.
Ao contrário do costume, e devido à COVID-19, os peregrinos não poderão tocar na Caaba este ano para limitar o risco de infecção, disseram as autoridades, que implantaram clínicas móveis e ambulâncias para enfrentar qualquer eventualidade.
Cerca de 70% dos peregrinos são residentes estrangeiros no reino. O território registrou cerca de 270.000 casos de infecção, uma das taxas mais altas do Oriente Médio.
Eles foram submetidos a um teste de triagem antes de chegar a Meca e terão de observar uma quarentena após a peregrinação.
Cada um recebeu um kit contendo pedras esterilizadas para o ritual de apedrejamento de Satanás, desinfetantes, máscaras, um tapete de oração e uma roupa branca sem costura chamada “ihram”. Todos os peregrinos devem usar essa vestimenta durante os rituais, de acordo com o Ministério de Hajj.
Este ano, a imprensa estrangeira não foi autorizada a cobrir a cerimônia.
A Arábia Saudita disse que apenas mil peregrinos que residem no reino serão permitidos este ano, mas a mídia local diz que o número pode chegar a 10 mil.
A seleção dos peregrinos foi criticada, mas o ministro do Hajj, Mohammed Benten, insistiu na transparência do processo, enfatizando que o critério decisivo era “a proteção da saúde” dos participantes.
“Eu não esperava ser abençoado entre milhões de muçulmanos”, disse o peregrino Abdallah Al-Kathiri, que foi selecionado.
“É um sentimento indescritível, especialmente porque esta é minha primeira peregrinação”, declarou ele em um vídeo do Ministério saudita da Comunicação.
Segundo o Ministério do Hajj, residentes estrangeiros de cerca de 160 países se inscreveram on-line.
Apesar da pandemia, alguns fiéis acreditam que a peregrinação é mais segura este ano, longe das multidões colossais que a torna um pesadelo logístico e aumentam o risco de acidentes fatais.
Cada peregrino normalmente gasta milhares de dólares no Hajj, mas, este ano, o governo saudita está cobrindo a maioria das despesas, incluindo acomodação e refeições.
Em tempos normais, o Hajj e a Umra faturam cerca de US$ 12 bilhões por ano.
A “Umra”, que foi suspensa em março, é a “pequena peregrinação” que normalmente atrai milhares de fiéis todos os meses, ao contrário do Hajj. Este último pode ser realizado apenas em datas específicas do calendário lunar islâmico.
As restrições ligadas à peregrinação neste ano vão piorar a crise econômica do reino, dizem analistas.
A Arábia Saudita já enfrenta uma queda acentuada nos preços do petróleo, devido ao colapso da demanda global e às consequências da pandemia.