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Fabiana Murer está superando antigos traumas e recordes pessoais a caminho da Olimpíada Rio-2016. Grande promessa nos Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012, ela deixou escapar o sonho da medalha nestes dois eventos. Agora, aos 35 anos, sabe que esta será sua última chance olímpica. Esforço é o que não tem lhe faltado. No último Troféu Brasil de Atletismo, a atleta não apenas alcançou o objetivo de superar sua melhor marca de salto com vara na temporada – 4,70 m –,  como foi além: garantiu o ouro da competição com 4,87 metros, novo recorde sul-americano e melhor marca do mundo no momento (leia quadro). Com essa conquista, alcançou o topo do ranking internacional da modalidade, feito que pretende defender nas próximas duas etapas da Diamond League, dias 15 e 23 de julho. Essas serão as últimas provas antes dos Jogos Olímpicos. A paulista, no entanto, admite que chegou a duvidar de si mesma e sentir-se “agarrada” aos 4,85 metros, índice que permanecia como seu recorde desde 2010, quando disputou o campeonato Ibero-Americano em San Fernando, na Espanha. “Tinha que desempacar!”, afirmou a atleta após a prova, no domingo 3, em São Bernardo do Campo (SP). “Foi uma emoção muito grande atingir a melhor marca no último ano da minha carreira. Vou me esforçar ao máximo para conseguir uma medalha olímpica, porque não vai ser fácil.”

DESEMPENHO Fabiana Murer em ação: a atleta teve uma performance decepcionante em Pequim-2008 e Londres-2012
DESEMPENHO Fabiana Murer em ação: a atleta teve uma performance decepcionante em Pequim-2008 e Londres-2012

A medalha em casa seria o desfecho ideal para as história dramática vivida pela atleta nas últimas duas edições dos Jogos. Em Londres-2012, Fabiana foi vencida pelo nervosismo e não passou nem das eliminatórias. Acertou apenas um salto, com o sarrafo a 4,50 metros, amargando a 14ª colocação. Após a prova colocou a culpa no vento, mas o colega e ex-atleta Robson Caetano a desmentiu. “Ela brigou com o técnico (Élson Soares), que é marido dela, antes da prova.” Em Pequim-2008, uma vara de salto sumiu e, desestabilizada emocionalmente pela ausência do equipamento, a esportista não rendeu o esperado, ficando nos 4,55 metros. Desiludida, chegou a afirmar que nunca mais voltaria a Pequim, mas felizmente descumpriu a promessa e retornou no ano passado, para o campeonato mundial, onde alcançou novamente seu recorde pessoal de 4,85 metros.

Para ganhar o ouro olímpico, no entanto, será preciso mais do que isso. Mesmo com a suspensão da seleção russa, que tira a favorita Yelena Isinbayeva do páreo, ainda será necessário ultrapassar Yarisley Silva. A cubana foi campeã pan-americana e mundial no ano passado, alcançando os 4,90 metros. Não à toa, após garantir a medalha de ouro no Troféu Brasil, Fabiana elevou a marca para 5 metros, algo que nunca havia tentado em nenhuma competição. Chegou a completar o primeiro salto, mas derrubou o sarrafo e, na segunda tentativa, não conseguiu. Mesmo assim não desanima. “Senti um pouquinho o cansaço do fim da competição e também toda a emoção. Mas queria tentar os 5 metros, começar a achar esse caminho, ter uma noção do salto e deixar para fazer mais para frente.”