11/01/2021 - 15:25
Paisagens de árvores retorcidas, palhaços adormecidos, formações rochosas fluorescentes, sinais de arco-íris e histórias em quadrinhos são apenas algumas das formas que Ugo Rondinone (1964-) usa para criar suas obras de apelo universal e que agradam pessoas de todas as idades.
Rondinone é amplamente conhecido no mundo da arte contemporânea, em especial por suas esculturas de grande escala. Há alguns anos, quando vi uma de suas obras mais famosas, tive a sensação de espiritualidade ao notar o deserto colorido de cores extravagantes. “Seven Magic Mountains” (2016–2021) era uma enorme escultura composta por sete totens coloridos com cores fluorescentes e cerca de dez metros cada. Ao longo dos anos que ficou instalada na estrada Interstate 15, entre Los Angeles e Las Vegas, foi visitada por mais de 15 milhões de pessoas, um enorme sucesso comemorado pela Art Production Fund (APF) e pelo Nevada Museum of Art, que encomendaram a obra.
Rondinone surgiu como artista na década de 1990. É filho de pais italianos, mas nasceu em 1964 na cidade turística de Brunnen (Suíça) e foi assistente de Hermann Nitsch, um artista austríaco vanguardista que nasceu em 1938. Mudou-se para Nova York, onde vive e trabalha desde 1998. Uma curiosidade de seu trabalho é que ele incluiu sinais em suas obras, incluindo frases de canções pop e exclamações cotidianas que ganham destaque em esculturas chamativas iluminadas por neon ou pelas cores do arco-íris.
Suas obras estão instaladas em todo o mundo: do Jardin des Tuileries em Paris (França – 2009) até a Trienal de Yokohama (Japão – 2011). Em 2013, chamou a atenção com “Human Nature”, instalada no Rockefeller Center (Nova Iorque – EUA) e que trazia um grupo de nove figuras monumentais feitas de lajes de pedra azul de uma pedreira no norte da Pensilvânia, parecendo totens de rocha rudimentares. Em Soul, instalou um grupo de 37 figuras de bluestone encontradas no interior do Estado de Nova York. Seu trabalho pode ser visto em Paris, Londres, Liverpool, Sidney, Viena, Atenas, Tóquio, além de dezenas de cidades dos mais diversos países.
“Vocabulary of Solitude” (2016) trouxe 45 esculturas de palhaços fazendo tarefas cotidianas como acordar, caminhar, sentar e tomar banho. Outra de suas séries famosas foi “Clockwork for Oracles” (2008-2010). Trata-se de uma instalação que reuniu obras penduradas em estilo de salão sobre uma parede de páginas do jornal local adquirido no momento da instalação. Também chamou a atenção do público com séries de pássaros fundidos em bronze (primitivo, 2011), cavalos (primitivo, 2013) e peixes (primordial, 2018).
Rondinone consegue mostrar que é capaz de mudar sua visão de grande escala para miniatura, destacando que sua obra é expressiva, independentemente do meio ou do material empregado. Ele diz que a maravilha atua como um componente unificador de seu trabalho e é humilde ao afirmar que isso não é exclusividade dele. A arte começa na infância, pois os artistas, alimentam-se de memórias dos primeiros anos de vida, período no qual formam a base de seu estado psicológico que os acompanhará ao longo da vida. Para ele, a arte vai além da linguagem, assim como a poesia, criando sua própria temporalidade.
Sua fonte de inspiração são seus próprios trabalhos, que criam uma continuidade e uma única linha criativa, mas sempre explorando a dualidade e procurando o contrário. Logo após criar uma obra grande, ele faz algo pequeno. Seja interna ou externa, grande ou pequena, e não importa o meio, a arte de Rondinone inicia um diálogo pessoal com a mesma intenção. Ele explora muito imagens que parecem muito infantis para ultrapassar fronteiras de uma maneira mística e mágica para confrontar os espectadores.
A proposta Rondinone é fazer uma conexão real com as pessoas. Ele acredita que a arte deve ser pública para envolver pessoas de todos os níveis e idades. Por isso, seus trabalhos parecem tão infantis e, ao mesmo tempo, tão geniais. Essa experiência é conquistada com obras produzidas com diferentes materiais (como cera, pedra e vitrais) e explorando o tempo, o espaço e a memória para instigar reflexões entre o homem e a natureza, entre o artificial e o natural. As reflexões geradas por seu trabalho são mais atuais do que nunca nesses tempos de Covid-19. Se tiver uma boa história para compartilhar, aguardo sugestões pelo Instagram Keka Consiglio, Facebook ou pelo Twitter.