Na noite da próxima quarta-feira (14), o lutador brasileiro Ricardo Carcacinha subirá ao octógono, na Ilha da Luta, em Abu Dhabi, para enfrentar o lutador britânico Lerone Murphy. A luta não está restrita a troca de porradas, mas pela história de superação do lutador inglês.
O peso-pena de Manchester, que enfrenta o brasileiro foi baleado no rosto na juventude e sobreviveu para contar a história. “(Fui baleado) Na boca. Passou direto, nos dentes. Eu cuspi (as balas). Lembro de levantar do chão e cuspir as balas”, contou o inglês em entrevista ao canal de YouTube “Fight Disciples”. “É louco, né? Eu não acho tão louco, mas entendo por que as pessoas acham que sim”, comenta, Murphy, tranquilo.
O britânico Murphy era um típico jovem da periferia que sonhava em ser jogador de futebol, mas a falta de intimidade com a bola, o fez desistir da ideia. Sem rumo na vida, começou a andar com companhias erradas e se envolver em problemas. Até que, em 2013, Murphy estava do lado de fora de uma barbearia quando foi surpreendido e levou dois tiros no rosto.
Segundo o Combate, depois de simplesmente cuspir duas balas e se levantar, Murphy entrou num carro e seguiu para o hospital. Lá, encarou o desespero de sua família com o rumo que sua vida estava tomando. Para sua sorte, havia um outro caminho que seus familiares podiam lhe oferecer: a luta.
Lerone Murphy é sobrinho de Oliver Harrison, ex-treinador de boxe de nomes como Amir Khan e Martin Murray, e seus primos treinavam kickboxing numa academia local. Naquele mesmo ano, o garoto passou a treinar MMA como válvula de escape e, aos poucos, foi se apaixonando. “Quando comecei a treinar, era meu escape de pensar nessas coisas negativas. Aquelas poucas horas no treino eram meu único escape, e por isso amo tanto. E quanto mais tempo eu passava na academia, tinha menos tempo para pensar nisso.”
Em 2014, Murphy fez sua primeira luta amadora e venceu por finalização. As vitórias foram se acumulando e ele não perdeu ainda até hoje. Foram quatro triunfos como amador e oito como profissional até receber o chamado do UFC em setembro do ano passado, para encarar o russo Zubaira Tukhugov.
O lutador brasileiro elogia a determinação, a história de seu adversário, mas diz que vai pra cima sem dó: “Não tem desculpa ou pensamento negativo. Foi uma coisa totalmente fora do que já vi antes. Com certeza é um cara que tem uma força de vontade muito grande, já passou por muitas adversidades na vida, é um cara muito guerreiro provavelmente, e é o tipo de adversário que gosto de enfrentar”, contou o lutador brasileiro em entrevista por vídeo-chamada ao Combate.
Carcacinha espera um lutador com muita vontade não só por este motivo, mas pela necessidade de mostrar serviço. Em sua estreia no UFC, Murphy empatou com o russo Zubaira Tukhugov na decisão dos juízes. Por isso, vai querer descontar no brasileiro. “Vou tratar como se fosse a luta do cinturão para mim. Fiz o melhor treinamento que eu poderia ter feito para esta luta, e sei que ele também deve estar nessa instiga, de mostrar serviço para o UFC, ainda mais que teve um empate logo na estreia. Sei que ele está com apetite e estou preparado para arrancar o prato dele”, assegurou o campineiro.
Murphy não esconde sua estratégia: quer nocautear. “Num cenário perfeito, eu finalizo no primeiro round, mas sei que ele é um lutador de muito alto nível, então acho que serão dois rounds duros, e no terceiro eu espero pegá-lo. Eu sou um striker, então sempre tento trocar golpes. Eu sei lutar agarrado também, mas ele é um grappler, então vou tentar manter a luta em pé e finalizar a luta lá“, planeja o lutador.
O Canal Combate transmite o “UFC: Kattar x Ige” ao vivo e com exclusividade nesta quarta-feira a partir de 19h45 (horário de Brasília). O SporTV 2 e o Combate.com exibem as duas primeiras lutas do card preliminar ao vivo, e o site acompanha o torneio inteiro em Tempo Real.