Os países da União Europeia (UE) se opõem ao cerco total à Faixa de Gaza por parte de Israel, advertiu, nesta terça-feira (10), o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.

O governo israelense anunciou o bloqueio total ao enclave, cortando seu acesso a água, alimentos e energia elétrica, em resposta à ampla ofensiva, lançada no sábado pelo grupo islamita palestino Hamas a partir deste território.

Borrell, que presidiu uma reunião extraordinária dos ministros das Relações Exteriores da UE em Mascate (Omã), afirmou que os diplomatas europeus também reconheceram o direito de Israel de se defender.

“Israel tem o direito de se defender. Mas isso deve ser feito de acordo com a legislação internacional, com as leis humanitárias”, disse Borrell após esta reunião.

Segundo o diplomata, os ministros condenaram o “ataque terrorista” do Hamas à população civil, mas também pediram a proteção dos civis palestinos e o respeito às normas humanitárias.

“Isto significa que não se pode bloquear o acesso à água, aos alimentos ou à eletricidade da população civil em Gaza” e que se deve permitir a abertura de corredores humanitários, assinalou.

Borrell acrescentou que se deve permitir que os civis fujam dos bombardeios em Gaza e que “possam sair do país rumo ao Egito porque a fronteira agora está fechada”.

Segundo o chanceler, durante o diálogo desta terça, “os ministros insistiram na ideia de que tudo deve ser feito de acordo com a legislação internacional. Mas também temos que pensar no que vai acontecer depois”.

“Nem todos os palestinos são terroristas. De forma que um castigo coletivo contra todos os palestinos seria injusto e improdutivo”, acrescentou Borrell.

O diplomata lembrou que a própria ONU ressaltou que “cortar a água, a eletricidade ou os alimentos da população civil contraria a legislação internacional”.

– Manter a ajuda –

Borrell também afirmou que a maioria dos 27 países do bloco se opõe à suspensão dos pagamentos de ajuda aos palestinos.

“Houve uma ampla maioria de países, talvez com duas ou três exceções, que indicaram claramente que a cooperação com a Autoridade Palestina deve continuar, que os recursos devem continuar e que os pagamentos não serão suspensos”, afirmou.

Na segunda-feira, o Comissário Europeu para a Vizinhança e Alargamento, Olivér Varhelyi, havia anunciado pela rede social X (antigo Twitter) a suspensão imediata dos pagamentos de ajuda ao desenvolvimento dos palestinos.

No entanto, devido ao repúdio a esta ideia em várias capitais do bloco, a Comissão Europeia – braço Executivo da UE – anunciou uma revisão dos programas de “ajuda financeira”, sem suspensão prevista de pagamentos.

A UE é o principal doador aos palestinos. Estima-se que entre 2021 e 2024 esta ajuda chegue a 1,2 bilhão de euros (6,47 bilhões de reais, na cotação atual), especialmente em projetos voltados para educação e saúde.

Borrell, que estava em Mascate para uma reunião de alto nível entre a UE e o Conselho de Cooperação do Golfo, convocou uma reunião de emergência com os ministros das Relações Exteriores do bloco.

O chefe da diplomacia europeia convidou o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, e seu contraparte da Autoridade Palestina, Riyad al Maliki, para participarem das discussões.

Mas, segundo Borrell, o contato com os dois altos funcionários não foi possível.

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