A União Europeia (UE) apresentou uma proposta para implementar tarifas “proibitivas” à entrada de cereais russos para secar uma fonte de recursos do governo de Moscou, afirmou nesta sexta-feira o comissário europeu do Comércio, Valdis Dombrovskis.

O comissário, no entanto, disse que as tarifas não afetarão os grãos russos que entram no espaço europeu “em trânsito para terceiros países”.

Dombrovskis disse que a proposta apresentada nesta sexta-feira é “um passo oportuno e necessário”.

Estas medidas tornarão as importações de cereais russos “comercialmente inviáveis” e “ajudarão a acabar com a prática russa de exportar ilegalmente para a UE grãos ucranianos roubados”, acrescentou.

Segundo fontes da Comissão Europeia, a Rússia exportou 4,2 milhões de toneladas de cereais, oleaginosas e produtos derivados para a UE em 2023, no valor de 1,3 bilhão de euros (1,4 bilhão de dólares, 6,9 bilhões de reais).

As tarifas também serão aplicadas às importações de cereais, oleaginosas e derivados procedentes de Belarus, segundo o comissário.

Uma fonte europeia destacou que “os preços destes produtos na UE caíram consideravelmente e progressivamente desde o segundo semestre de 2022, quando os preços atingiram níveis recordes como resultado da crise alimentar criada pela agressão da Rússia contra a Ucrânia”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, surpreendeu na quinta-feira ao antecipar a iniciativa durante uma reunião de cúpula dos governantes da UE, que foi marcada por uma reclamação intensa do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.

A UE decidiu nesta semana definir limites à importação de produtos agrícolas isentos de tarifas procedentes da Ucrânia, uma medida que havia provocado a fúria dos produtores europeus.

Durante o encontro de cúpula de quinta-feira, Zelensky discursou por videoconferência e reclamou do fato de a UE adotar limites para a entrada de grãos ucranianos, enquanto a Rússia continua com acesso irrestrito ao mercado europeu.

“Constatamos que, infelizmente, o acesso da Rússia ao mercado agrícola europeu permanece ilimitado, enquanto os grãos ucranianos são jogados nas ferrovias e estradas (por agricultores europeus). Isto é injusto”, criticou.

Cinco países da UE (Polônia, República Tcheca e três Estados bálticos) solicitaram à Comissão Europeia uma proibição total às importações de cereais procedentes da Rússia e de Belarus.

Segundo as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), as importações agrícolas da Rússia são isentas dos direitos de importação da UE.

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