A economia da zona do euro irá desacelerar em 2018 e nos próximos anos, à medida que se enfraquecer a demanda global por exportações do bloco, e é possível que o arrefecimento seja ainda mais intenso caso a economia dos EUA fique superaquecida ou se as atuais disputas comerciais se agravarem, segundo relatório divulgado hoje pela Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia.

A UE continua prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro – formada por 19 países que utilizam a moeda única europeia – crescerá 2,1% este ano, depois de mostrar expansão de 2,4% em 2017, o melhor resultado do bloco em uma década. Para 2019, a UE cortou sua projeção de alta do PIB da região, de 2% para 1,9%. Já em 2020, a expectativa é de nova desaceleração, para 1,7%.

Apenas para a Alemanha, a maior economia europeia, a previsão de alta do PIB deste ano foi reduzida de 1,7% para 1,9%.

“Desconsiderando-se grandes choques, o PIB deve continuar crescendo em ritmo moderado”, comentou Marco Buti, chefe do Departamento Econômico da comissão. “A estrada adiante, no entanto, está repleta de incertezas e de inúmeros riscos interconectados.”

No documento, a UE destacou uma série de ameaças, em especial o risco de que a economia dos EUA cresça rápido demais em resposta aos cortes de impostos e maiores gastos públicos, levando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a elevar seus juros básicos em ritmo mais acelerado do que se esperava. Segundo a UE, essa hipótese pode gerar “turbulência” nos mercados financeiros globais, assim como enfraquecer o crescimento de economias em desenvolvimento e desenvolvidas.

A UE também se preocupa com o fato de que uma economia americana aquecida absorva mais importações, ampliando o déficit comercial dos EUA e levando Washington a elevar mais tarifas de importações.

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“Se novas barreiras tarifárias e não tarifárias surgirem e se espalharem, o impacto negativo no comércio internacional e no crescimento global será considerável”, previu Buti.

A UE também alertou sobre ameaças ao crescimento advindas do próprio bloco, enfatizando o aumento de tomada de empréstimos pelo novo governo da Itália e a possibilidade de que o Reino Unido deixe a área em março de forma abrupta e sem fechar um novo acordo comercial.

Em relação aos preços da zona do euro, a UE prevê que a inflação anual ao consumidor ficará em 1,8% neste e no próximo ano. Em julho, quando foi publicado o relatório anterior, a UE previa inflação um pouco menor, de 1,7%, em ambos os anos. A meta de inflação do Banco Central Europeu é de taxa ligeiramente abaixo de 2%.

A UE revisou ainda sua projeção de déficit orçamentário da zona do euro em 2018, de 0,7% para 0,6% do PIB, mas reiterou as previsões de desemprego para 2018 e 2019, em 8,4% e 7,9%, respectivamente. Fonte: Dow Jones Newswires.


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