ROMA E SALZBURGO, 20 SET (ANSA) – Após uma reunião de dois dias entre os principais líderes da União Europeia (UE), o chanceler da Áustria, Sebastian Kurz, pediu para todos integrantes do bloco iniciar uma negociação com os países do norte da África, principalmente o Egito, na tentativa de conter o fluxo migratório na Europa. “O Egito está pronto para aprofundar o seu diálogo conosco”, afirmou o austríaco, cujo país assume atualmente a presidência rotativa da UE.   

A afirmação ocorre após Kurz e o presidente do Conselho da UE, Donald Tusk, visitarem o Cairo para dialogar com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, responsável por impedir seus cidadãos de partir rumo ao território europeu.   

Segundo o chanceler, o país africano já provou que pode ser eficiente. “Desde 2016, o país tem impedido que navios saiam do Egito para a Europa ou, quando saíam, os trazia de volta”. Por isso, a nação “está preparada para possivelmente aprofundar a cooperação com o bloco em novas negociações”.   

Atualmente, a União Europeia já firmou acordos com a Turquia e a Líbia para contribuírem para que menos deslocados atravessem o mar Mediterrâneo. Mesmo assim, a cúpula europeia realizada em Salzburgo, na Áustria, debateu formas de estabelecer parcerias com outros países do norte da África.   

Por isso, os representantes do bloco organizam uma reunião com a Liga Árabe. A expectativa é que seja realizada em fevereiro.   

No entanto, Kurz relembrou que a questão migratória “não será resolvida com a repartição dos migrantes pelos estados-membros, mas pela proteção das suas fronteiras”. Além disso, a Comissão Europeia quer reforçar os meios da Agência Europeia de Proteção de Fronteiras e Costeira (Frontex).   

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“A posição da Itália no projeto Frontex é que certamente pode desempenhar um bom papel, mas reforço da Frontex até 10 mil homens também levanta questões sobre a utilidade de tal investimento. Prefiro que todos esses investimentos sejam destinados para a África”, explicou o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte. Para o premier italiano, se a Europa quer expressar uma política de imigração é preciso primeiro estabelecer uma estratégia. Segundo o último relatório da agência das Nações Unidas para refugiados (Acnur), a Itália acolhe cerca de 354 mil deslocados internacionais. Nos últimos anos, a península recebeu centenas de milhares de migrantes forçados via Mediterrâneo, porém boa parte deles se deslocou para o norte da Europa, a países como Alemanha, Suécia e Áustria. Um dos projetos estudados pelos líderes da UE é a construção de “plataformas de desembarque” nos países do norte da África, para acolher os deslocados resgatados no Mediterrâneo. No entanto, ainda nenhuma nação demonstrou interesse na ideia. (ANSA)


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