07/01/2020 - 14:04
BRUXELAS, 07 JAN (ANSA) – Chanceleres da União Europeia se reuniram nesta terça-feira (7), em Bruxelas, para discutir a evolução da crise na Líbia e cobraram o “fim imediato” de “interferências externas” no país africano.
A mensagem é um recado direto à Turquia, cujo Parlamento aprovou na semana passada o envio de tropas para apoiar o governo de união nacional da Líbia, chefiado pelo primeiro-ministro Fayez al-Sarraj e estabelecido em Trípoli.
A capital é alvo desde o primeiro semestre de 2019 de uma ofensiva das forças do marechal Khalifa Haftar, que comanda um conjunto de milícias fiel a um parlamento paralelo baseado em Tobruk, no leste do país.
“Foi uma boa oportunidade para sublinhar nossas preocupações sobre a Líbia. Pedimos o fim imediato de novas escaladas e das interferências externas dos últimos dias. A situação piora dia a dia, e a solução é apenas política”, disse o alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell.
A declaração foi dada após uma reunião com os chanceleres de Itália, França, Alemanha e Reino Unido. Segundo Borrell, a decisão turca de intervir na Líbia “aumenta” as preocupações europeias. O bloco estuda inclusive retomar a operação naval Sophia no Mar Mediterrâneo, já prevendo um recrudescimento da crise migratória na região.
A reunião era para acontecer na Líbia, mas Borrell explicou que o grupo de chanceleres foi “vivamente aconselhado” a não viajar ao país africano por “razões de segurança”. Berlim deve hospedar, ainda no início deste ano, uma conferência internacional sobre a Líbia. Já o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, embarcou para Istambul, onde se reúne com o chanceler local, Mevlut Cavusoglu.
A Líbia vive fragmentada desde a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e virou palco da disputa entre interesses no cenário internacional. De um lado, Sarraj, reconhecido pela ONU, pela União Europeia e apoiado por Turquia e Itália, tenta manter o controle de Trípoli.
Do outro, Haftar, que tem a seu lado Emirados Árabes Unidos e Egito, além do apoio tácito da Rússia e da simpatia da França, busca reunificar o país sob seu comando. Os conflitos são travados entre milícias, já que a Líbia não possui um Exército constituído. (ANSA)