Os líderes da União Europeia e o primeiro-ministro da Índia se comprometeram nesta quarta-feira a desenvolver laços comerciais para lidar com a crise econômica causada pela pandemia de COVID-19 e com o aumento das tensões com a China.

Os presidentes das instituições europeias Charles Michel e Ursula von der Leyen se reuniram por videoconferência com Narendra Modi e concordaram em iniciar um diálogo comercial a nível ministerial.

O comércio bilateral totalizou US$ 115 bilhões em 2019, mas as negociações para um acordo comercial preferencial fizeram pouco progresso.

A Índia, um gigante emergente, defende seu direito de negociar de forma independente dentro da estrutura das regras mundiais, enquanto a União Europeia busca, com seus acordos comerciais, vincular seus parceiros a normas mútuas mais rígidas.

Mas Nova Délhi e Bruxelas reconhecem seu interesse mútuo diante de uma China cada vez mais consolidada e o colapso econômico global que se aproxima no horizonte, destacam os analistas.

“A União Europeia é o maior parceiro comercial da Índia e o maior investidor da Índia”, afirmou a presidente da Comissão Europeia após a cúpula virtual.

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“No entanto, nosso relacionamento global em comércio e investimento ainda não atingiu todo o seu potencial”, disse ela.

“A reunião mostrou claramente que a UE e a Índia querem fortalecer suas relações estratégicas para o futuro”, disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

“Um dos resultados mais importantes foi o estabelecimento desse diálogo de alto nível sobre relações comerciais e de investimento”, apontou, por sua vez, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Vikas Swarup.

“Os dois lados expressaram seus compromissos e concordaram em trabalhar por um acordo de comércio e investimento equilibrado, ambicioso e mutuamente benéfico”, acrescentou.

O desafio representado pela China não foi diretamente abordado, mas o roteiro para a parceria estratégica Índia-UE publicado após a cúpula insiste na vontade dos dois parceiros de “trabalhar juntos para manter a paz, a estabilidade, segurança e proteção, em particular no Oceano Índico e no Pacífico, cooperando para preservar a liberdade, a abertura e uma abordagem inclusiva no campo marítimo”.

A China tem reivindicações territoriais ambiciosas e contestadas no Pacífico e se desentendeu com muitos parceiros.

A Europa denunciou a imposição por Pequim de uma nova lei de segurança em seu território autônomo de Hong Kong e adiou uma cúpula planejada com o presidente Xi Jinping.

Já as relações entre China e Índia se deterioraram após um confronto mortal na fronteira no mês passado entre as forças indianas e chinesas.


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