BRUXELAS, 7 AGO (ANSA) – A União Europeia voltou a criticar a situação humanitária na Faixa de Gaza nesta quinta-feira (7), afirmando que os caminhões autorizados por Israel a entrar no enclave com suprimentos destinados à população “não são suficientes”. Já o país judeu confirmou que pretende destinar uma verba aos refugiados no território controlado pelo Hamas de modo a “vencer a guerra”.
Hoje a vice-presidente executiva da Comissão Europeia para a Transição Limpa, Justa e Competitiva, Teresa Ribera, declarou à imprensa que “o que está acontecendo em Gaza se parece muito com genocídio”, referindo-se às inúmeras mortes de civis, jornalistas e funcionários de ONGs por fome ou aos assassinatos de deslocados enquanto aguardavam por comida.
Ao comentar as palavras de Ribera, um porta-voz do bloco reforçou o posicionamento da UE sobre o atual contexto na região: “a matança de civis é indefensável”, mas “a palavra ‘genocídio’ cabe aos tribunais internacionais avaliarem”.
O porta-voz também informou que todos os 27 Estados-membros foram atualizados sobre a implementação do acordo de ajuda por Israel.
“Há um progresso parcial, mas a situação continua muito, muito difícil”, disse.
Segundo o representante da UE, “o número de caminhões de ajuda é insuficiente” e, ao mesmo tempo, “o bloco não foi autorizado a ter acesso a Gaza”.
Ontem, a Itália anunciou que uma nova remessa terrestre de alimentos a palestinos foi enviada ao enclave, com a Jordânia intermediando a entrega.
Diante da pressão internacional pela escalada da fome em Gaza, o ministro israelense das Finanças, Bezalel Smotrich, confirmou a intenção do país de destinar 3 bilhões de shekels israelenses (cerca de 800 milhões de euros ou R$ 5 bilhões) em assistência humanitária para civis em Gaza.
“Não se trata de dinheiro para ajuda humanitária, mas sim de verba para vencer a guerra”, disse Smotrich em uma entrevista, antes de acrescentar: “Se tivéssemos controlado a distribuição da ajuda [no enclave], já teríamos vencido [o conflito contra o Hamas]”.
Ainda segundo o ministro, líder do partido de extrema-direita Sionismo Religioso, “essa loucura em que caminhões vão direto para o Hamas precisa acabar”, explicando que a manobra custaria “muito menos do que outra divisão militar em Gaza” e contribuiria para “o retorno dos reféns [israelenses] e a vitória”.
Apesar de ter sido criticado por políticos de seu país, que o acusaram de “financiar o terrorismo”, as declarações de Smotrich seguem as diretrizes do presidentes americano, Donald Trump, que na última terça (5) anunciou que Israel irá ajudar os Estados Unidos na distribuição e no financiamento da ajuda humanitária a civis em Gaza. (ANSA).