O diálogo entre Sérvia e Kosovo está “encaminhado” para tentar resolver um delicado conflito territorial, afirmou neste domingo o representante especial da UE para as negociações, Miroslav Lajcak, após uma reunião por videoconferência entre os líderes dos dois países.

Durante o encontro, o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e o primeiro-ministro kosovar, Avdullah Hoti, estabeleceram a agenda da reunião de quinta-feira em Bruxelas, que deve ser presencial, informou Lajcak em um comunicado.

Lajcak, representante especial da União Europeia (UE) para os Bálcãs Ocidentais, agradeceu as duas partes pelo “compromisso construtivo”.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, pediu aos dois lados que demonstrem “coragem política” para encontrar uma saída. Também destacou que a falta de solução freia o avanço econômico e coloca a estabilidade em risco.

Duas décadas depois da última das guerras que levaram à desintegração da Iugoslávia (1998-1999), Belgrado continua sem reconhecer a independência proclamada em 2008 por sua outrora província, Kosovo.

Após a guerra, a última na ex-Iugoslávia, o conflito territorial entre Sérvia e Kosovo continua sendo um dos mais espinhosos da Europa.

“A ausência de solução está obstruindo o desenvolvimento das duas partes”, disse Borrell.

Ele destacou que busca “recomeçar um trabalho sério e intenso” sobre a normalização das relações entre os dois lados.

“Estas negociações exigirão coragem política de ambos os lados, exigirão comprometimento e esforço para tentar encontrar um acordo e pragmatismo”, acrescentou.

Desde a proclamação da independência, Kosovo é reconhecido por mais de 100 países membros da ONU e 22 Estados de 27 na UE. Espanha, Grécia, Romênia, Eslováquia e Chipre não reconhecem a independência unilateral do território.

A UE considera a normalização dos países vizinhos uma prioridade, em nome do desenvolvimento econômico e de sua eventual futura integração ao bloco europeu.

As conversações de domingo aconteceram após o encontro de sexta-feira, por videoconferência, dos líderes sérvio e kosovar, com a mediação do presidente francês, Emmanuel Macron, e da chanceler alemã, Angela Merkel.

Os Estados Unidos, que foram um dos principais personagens da operação da Otan contra os sérvios em 1999, queriam organizar uma reunião de cúpula Sérvia-Kosovo na Casa Branca em 27 de junho.

Mas a reunião foi adiada após as acusações ao presidente do Kosovo, Hashim Thaçi, por crimes de guerra durante o conflito com a Sérvia pelos promotores do tribunal especial de Haia.

O presidente kosovar declarou que renunciaria imediatamente se as acusações do Tribunal Especial para o Kosovo fossem confirmadas com um indiciamento formal.