BRUXELAS, 11 JUL (ANSA) – Após a revelação do lobby ilegal feito pelo Uber em governos europeus no fim de semana, a União Europeia informou nesta segunda-feira (11) que convocará a ex-comissária do bloco para a competição Neelie Kroes para dar explicações sobre o escândalo.   

“Estamos recolhendo informações, mas não somos o tipo de organização que chega a conclusões sem ter provas. Vamos enviar uma carta de esclarecimentos”, afirmou um dos porta-vozes da Comissão Europeia.   

Segundo as revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), publicadas pelo “The Guardian”e “Le Monde”, entre outros, Kroes teria “ajudado” a empresa de transporte por aplicativo a fazer pressão no premiê holandês, Mark Rutte, e em outros políticos dos Países Baixos.   

O escândalo ainda atingiu em cheio o governo da França com a revelação de que o atual presidente do país, Emmanuel Macron, enquanto era ministro da Economia, também teria atuado em prol do Uber.   

Ao todo, são 124 mil documentos revelados pelo consórcio durante o período em que o líder da empresa era Travis Kalanick, entre 2013 e 2017. Neles, há a divulgação de que políticos, organizações, assessores governamentais, jornalistas e associação de consumidores foram escolhidos para ajudar a criar um “ambiente favorável” para aprovação de leis que incentivassem o uso do app em detrimento dos taxistas.   

Entre as revelações, estão conversas por SMS e e-mail de Macron e Kalanick que mostram que o atual mandatário francês teria convencido o governo a “calar” os movimentos de taxistas que protestavam contra o Uber. Em outro ponto, uma ata de reunião revela que o então ministro da Economia fechou os pontos que deveriam mudar na lei com representantes das empresa.   

Em nota, a assessoria do governo disse apenas que, durante o período citado, Macron “foi levado a se relacionar com muitas empresas envolvidas na transformação dos serviços ocorrida durante os anos mencionados”.   

Opositores pediram, porém, que uma investigação parlamentar seja aberta contra o atual mandatário.   

Itália – Na Itália, que vive um momento de bastante tensão por conta da mudança de uma legislação sobre a concorrência, políticos e organizações voltaram a questionar a medida que ainda está em debate no Parlamento.   

No entanto, os documentos não indicam que o lobby atuou ou conseguiu algo no país.   

“Queremos saber quem recebeu o chefe do Uber no Palácio Chigi e do que eles falaram em um momento tão delicado no qual, sem nenhum motivo aparente, os taxistas foram incluídos no projeto de lei sobre a concorrência mesmo com a liberação do serviço [Uber] não está prevista nas diretivas de Bolkestein e tal objetivo não está entre os necessários para receber os fundos europeus do PNRR”, publicaram em nota conjunta as associações que representam os taxistas italianos. (ANSA).