UE aprova meta climática mais ousada e aprova plano de recuperação pós-pandemia

UE aprova meta climática mais ousada e aprova plano de recuperação pós-pandemia

Os países da União Europeia (UE) deram mais um passo na questão climática e aumentaram a meta de redução dos gases do efeito estufa, após uma intensa noite de negociações, durante a qual também desbloquearam o plano de recuperação pós-pandemia.

Além disso, os chefes de Estado e de Governo dos 27 países membros da UE, reunidos em Bruxelas decidiram adotar sanções contra a Turquia por suas atividades no Mediterrâneo, que atentam contra os interesses de Grécia e Chipre, integrantes do bloco.

Na véspera do quinto aniversário do Acordo de Paris sobre o clima, a UE alcançou um acordo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa em “pelo menos 55%” até 2030 em comparação com os níveis de 1990, contra o objetivo anterior de 40%, com a meta de alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

“Uma proposta ambiciosa para uma nova meta climática foi aprovada”, celebrou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Twitter.

– Não há plano B –

“Dez anos, ou seja amanhã, então devemos colocar tudo em movimento para alcançar, agora, juntos. Porque não há plano B”, afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron.

Como chegar ao objetivo e de que maneira distribuir os esforços dos diferentes países provocaram longas horas de discussões em Bruxelas. As principais dúvidas eram procedentes da Polônia, muito dependente do carvão, que desejava garantias sobre a ajuda financeira que receberá em troca de tornar sua economia mais ecológica.

Diante dos Estados Unidos e da China, “a UE não pode falhar na área climática depois de ter liderado o tema”, afirmou uma fonte diplomática durante a madrugada de discussões.

A Polônia já havia bloqueado, ao lado da Hungria, o plano de recuperação e o orçamento plurianual da UE (2021-2027), que juntos somam 1,8 trilhão de euros (2,1 trilhões de dólares).

Mas os líderes europeus conseguiram alcançar um acordo na quinta-feira que permitirá ao bloco ativar o plano sem renunciar ao mecanismo que vincula o acesso aos recursos de ajuda ao respeito do Estado de direito (independência judicial ou políticas anticorrupção, entre outros).

Graças ao bom trabalho diplomático da Alemanha, que exerce a presidência semestral da UE, a condição polêmica será acompanhada agora por uma declaração “explicativa” destinada a responder às preocupações de húngaros e poloneses. O recurso adicionado prevê recorrer à justiça europeia para examinar a legalidade de uma decisão sobre o tema antes da aplicação.

Para o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, o acordo “é um triunfo ante o egoísmo” e abrirá o caminho para que a “Europa saia com força da crise” provocada pela pandemia.

“Podemos afirmar, sem falsa modéstia, que salvamos a unidade da UE”, afirmou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, em uma entrevista coletiva ao lado do colega polonês Mateusz Morawiecki.

A liberação da primeira parte do fundo de recuperação pode acontecer no primeiro trimestre de 2021, segundo fontes francesas.

– E o Brexit? –

A respeito da Turquia, os líderes europeus conseguiram deixar de lado as divergências para adotar sanções contra o país por suas missões de exploração de gás no Mediterrâneo oriental.

A ameaça de represálias já havia sido mencionada em outubro, mas vários Estados bloqueavam a aprovação de sanções. “A Alemanha teme os fluxos migratórios, a Itália tem relações no setor de energia com a Turquia, os países do Leste veem Ancara como um aliado importante da Otan diante da Rússia”, disse uma fonte diplomática.

A decisão tomada em Bruxelas se concentra em sanções individuais e a lista de nomes será divulgada posteriormente. Medidas adicionais podem ser definidas em março, caso a Turquia persista em suas ações nestas águas disputadas.

O governo turco criticou as medidas punitivas.

“Rejeitamos a atitude tendenciosa e ilegítima que aparece nas conclusões da reunião de cúpula da UE”, afirmou o ministério das Relações Exteriores da Turquia em um comunicado.

No meio de uma agenda intensa, a questão do Brexit ficou temporariamente afastada das discussões.

UE e Reino Unido estabeleceram prazo até domingo, no máximo, para definir se é possível alcançar um acordo pós-Brexit que evite uma ruptura brutal.

Nesta sexta-feira, Von der Leyen afirmou que há poucas esperanças de alcançar um acordo comercial com o Reino Unido.

O Reino Unido, que abandonou oficialmente a UE em 31 de janeira, sairá de maneira definitiva do mercado único e da união alfandegária em 31 de dezembro.

Sem um acordo, o comércio entre Londres e o bloco terá que seguir as normas da OMC, o que ameaça abalar ainda mais as economias já debilitadas pela pandemia do novo coronavírus, especialmente a britânica.

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