BRUXELAS, 16 JUL (ANSA) – O poder Executivo da União Europeia apresentou nesta quarta-feira (16) sua proposta de Orçamento para o período entre 2028 e 2034, que totaliza 2 trilhões de euros (R$ 13 trilhões), um crescimento expressivo em relação ao valor de menos de 1,2 trilhão (R$ 7,8 trilhões) previsto para 2021 a 2027.
A medida chega em um momento determinante da história do bloco, que enfrenta a crescente competição da China e a guerra tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto luta para fazer a Ucrânia, candidata a país-membro, resistir contra a invasão russa.
Entre os destaques do projeto estão 34 bilhões de euros (R$ 220 bilhões) para a gestão de fronteiras, o triplo do quadro orçamentário atual, e 300 bilhões (R$ 1,9 trilhão) para “proteger a renda de agricultores”, segundo o comissário de Orçamento da UE, Piotr Serafin, que apresentou os detalhes da medida em audiência no Parlamento Europeu.
O setor agrícola tem manifestado forte contrariedade ao acordo de livre comércio entre UE e Mercosul, enquanto diversos países, como França e Polônia, vêm exigindo compensações para a categoria no caso de o tratado ser aprovado.
De acordo com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, trata-se do Orçamento “mais inteligente e ambicioso” da história do bloco. “É um Orçamento para uma nova era e à altura das ambições da Europa”, declarou a alemã.
Apenas o fundo europeu de apoio à competitividade terá 451 bilhões de euros (R$ 2,9 trilhões), que serão destinados a estimular investimentos em setores estratégicos, como energia limpa, digital, biotecnologia e segurança alimentar. Somente as áreas de defesa e aeroespacial serão contempladas com 131 bilhões de euros (R$ 849 bilhões) no âmbito desse instrumento, cinco vezes mais que o valor atual.
Além disso, a Comissão Europeia propôs 200 bilhões de euros (R$ 1,3 trilhão) para ações de política externa, além de até 100 bilhões (R$ 650 bilhões) para a Ucrânia. “Com isso, poderemos construir parcerias mais profundas [no exterior]”, declarou o comissário.
Outra novidade é um fundo para “crises imprevistas” de 400 bilhões de euros (R$ 2,6 bilhões), medida adotada na esteira da pandemia de Covid-19, que pegou países do mundo todo desprevenidos.
A proposta da Comissão Europeia, no entanto, já é alvo de questionamentos. A Holanda, um dos Estados-membros mais austeros do bloco, afirmou que o Orçamento de 2028-2034 é “elevado demais”. “Não deveríamos nos concentrar somente em como a UE poderia gastar mais, e sim em como os fundos existentes podem ser usados de forma melhor”, declarou o ministro das Finanças holandês, Eelco Heinen.
Já o premiê da Hungria, Viktor Orbán, acusou Bruxelas de “abandonar” os agricultores europeus para “financiar a Ucrânia”.
(ANSA).