BELEM, 22 NOV (ANSA) – A União Europeia manifestou neste sábado (22) apoio à nova proposta de acordo apresentada na conferência climática COP30, realizada em Belém, segundo fontes próximas às negociações entre os países do bloco.
Entre os pontos centrais do projeto está o aumento do financiamento para adaptação às mudanças climáticas. No entanto, o texto final não inclui um roteiro explícito para a eliminação gradual de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás.
“Em um momento geopolítico como o atual, em que uma era terminou e os interesses e equilíbrios políticos globais, e consequentemente as alianças, são muito diferentes do passado, devo dizer que esta foi a única solução viável, pelo que deve ser encarada de forma positiva e com satisfação”, declarou o ministro do Ambiente da Itália, Gilberto Pichetto Fratin, à margem da sessão plenária da COP30.
O ministro italiano explicou ainda que o roteiro para a transição global para longe dos combustíveis fósseis ficou de fora do documento oficial da COP30 por falta de consenso entre os países.
Segundo ele, “metade dos países sinceramente não compartilhou dessa posição”, o que inviabilizou a inclusão do trecho.
Apesar disso, Fratin ressaltou que a Itália permanece aberta a discutir o tema. “Nós, com base nos méritos, e avaliando o conteúdo, declaramos nossa disposição de sentar e ver o caminho a seguir”, afirmou.
O ministro também destacou o papel da União Europeia no debate, afirmando que o bloco “está participando do trabalho para definir o roteiro, e nós estamos participando dentro da União Europeia com a nossa posição”, disse. Ele lembrou que, no início das negociações, nem mesmo o bloco europeu havia apoiado plenamente a proposta apresentada pelo Brasil.
Por outro lado, críticos da conferência apontam retrocessos preocupantes, incluindo o italiano Angelo Bonelli, deputado da coalizão Aliança Verdes e Esquerda (AVS) e co-porta-voz da Europa Verde, que afirmou que “a COP30 termina com um revés muito sério para o futuro do nosso planeta”.
“A ausência de um roteiro para a transição para longe dos combustíveis fósseis e para deter o desmatamento é consequência direta da enorme pressão exercida pelos lobbies do setor, mesmo diante das fortes propostas do presidente brasileiro, Lula”, afirmou ele.
Bonelli acrescentou ainda que, “enquanto o mundo deveria estar caminhando decisivamente para um futuro em que o aquecimento global seja limitado a 1,5°C, estamos, em vez disso, testemunhando um retrocesso criminoso”.
“A Itália, infelizmente, aliou-se aos lobbies dos combustíveis fósseis, defendendo posições trumpistas: não assinou a declaração dos países que pedem a inclusão dos dois roteiros-chave nas decisões finais”, ressaltou o deputado italiano.
Segundo Bonelli, “o ministro Pichetto havia declarado que não se opunha aos roteiros e que não havia obstruído a União Europeia, mas, na realidade, nem a assinatura da Itália nem a da UE constam no documento final.” Por fim, o deputado concluiu alertando que “isso corre o risco de ser um fracasso político e ambiental que as gerações futuras pagarão. Não podemos mais nos dar ao luxo de hesitar ou fazer concessões aos interesses dos lobbies dos combustíveis fósseis.” (ANSA).