A União Europeia (UE) ameaçou nesta terça-feira (16) impor novas sanções contra a Venezuela caso não sejam registrados “resultados concretos” nas discussões entre o governo e a oposição em Barbados para buscar saídas à grave crise política, mediadas pela Noruega.

“Caso não obtenham resultados concretos nas negociações em curso, a UE ampliará ainda mais as medidas restritivas”, declarou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, em um comunicado em nome dos países europeus.

O chefe da delegação do governo, Jorge Rodríguez, rebateu as advertências de Mogherini. “Nos ameaça com declarações infames que tentam turvar o progresso do diálogo na Noruega. Você já passou. Respeito”, escreveu no Twitter o também ministro de Comunicação.

Delegados do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e do líder opositor, Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por 50 países, chegaram na segunda-feira em Barbados para retomar os diálogos, poucos dias após o anúncio da instalação de uma mesa de trabalho.

Guaidó agradeceu à União Europeia pela “clareza” diante da ameaça de novas “sanções” para pressionar a “ditadura”, como define o governo de Maduro, em declarações à imprensa pouco antes de presidir um debate no Parlamento, de maioria opositora.

Já o governo venezuelano acusou a UE de contrariar o “bom espírito de abordagem” promovido pelo assessor especial do bloco, Enrique Iglesias, que está na Venezuela desde 7 de julho representando o Grupo de Contato.

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“O governo bolivariano exorta novamente a União Europeia a manter uma posição de respeito e equilíbrio construtivo, bem como desistir de suas tentativas de impedir os mecanismos pacíficos de solução que são realizados neste momento”, segundo um comunicado divulgado nesta terça-feira pela chancelaria da Venezuela.

Os europeus receberam “com satisfação” a retomada das conversações mediadas pela Noruega, como um “canal para superar a crise”, mas pediram a “com urgência um resultado que permita eleições transparentes e supervisionadas internacionalmente”.

A UE, que desde 2017 anunciou sanções contra 18 funcionários venezuelanos e impôs um embargo de armas ao país, também expressou a disposição de trabalhar em novas sanções para “os membros das forças de segurança envolvidos em torturas e outras violações graves dos direitos humanos”.

O chanceler espanhol, Josep Borrell, pediu na segunda-feira, durante uma reunião com os colegas europeus em Bruxelas, sanções contra estes funcionários, depois de destacar o relatório da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

O informe de Bachelet “confirma de maneira clara e detalhada o alcance e a gravidade das violações dos direitos humanos, a erosão do Estado de direito e o desmantelamento das instituições democráticas no país”, afirma o comunicado da UE.

Mogherini, em nome dos 28 países do bloco, citou como exemplo a “trágica morte” de Rafael Acosta, um militar venezuelano de 50 anos que faleceu em 29 de junho em um hospital de Caracas por supostas torturas durante sua detenção.

Além das sanções, a UE criou em fevereiro com vários países latino-americanos e europeus o Grupo de Contato Internacional (GCI), iniciativa que busca eleições presidenciais “livres e justas” na Venezuela.

A chefe da diplomacia, que nesta terça deve abordar a situação na Venezuela na Eurocâmara, reiterou que prosseguirão o trabalho do GCI e de seu assessor especial, o uruguaio Enrique Iglesias, com o objetivo de obter um “processo eleitoral pacífico” para sair da crise.


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